As marcas roxas nas pernas da mãe, Judite Fiorese Romanini, 60 anos , são uma lembrança dos estragos deixados pelo vento na serraria da família em Campestre da Serra, durante o temporal que atingiu a cidade na tarde de segunda-feira (24). Foi o filho dela, o empresário Clédersion Romanini, 31, que percebeu que o pavilhão se mexia de uma maneira estranha. Pensando rápido, ele segurou a mão da mãe para tirá-la do pavilhão, e correr para fora onde pudessem deitar no chão e evitar serem atingidos por algum objeto.
— Começou a chover às 16h, os funcionários foram pra casa tomar café e fazer o intervalo, e logo depois comecei a prestar atenção na estrutura. Só pensei em sair de lá com a minha mãe, estávamos nós dois lá dentro. Eu não consegui puxar ela o suficiente, e a ventania ergueu o silo, que bateu na minha mãe, e derrubou ela no chão. Voltei e ajudei ela, e disse pra ela correr. Senti o alívio porque ela não tinha quebrado nada, só tem uns arranhões na perna.
Clédersion lembra que chovia muito e ouviu um barulho fraco quando corria da serraria em direção a outro pavilhão:
— Perdi a noção de tempo e espaço, eu tenho as pernas compridas, então foi como se eu tivesse dado dez passos e tudo caiu. Foi um milagre. Se todos os funcionários tivessem ali talvez o cenário fosse outro.
Romanini conta ainda que nunca viu nada parecido:
— Foi como um tornado, uma ventania com uma força absurda, tanto que o silo não tombou, ele levantou, saiu de cima da estrutura, e caiu. O assoalho da minha carreta também foi arrancado. Foi muito rápido, passou, colocou tudo no chão e foi embora.
O pai dele, Jair Jose Romanini, 64, se assustou quando voltou e viu o que tinha acontecido. Ele desmaiou e ficou em choque. O prejuízo da família é estimado em cerca de R$ 100 mil. Amigos e funcionários se reuniram e vão promover um mutirão de limpeza para ver o que pode ser reaproveitado e reconstruir a empresa, que estava há nove anos na localidade do Gacho, na BR-116.