A paralisação dos funcionários da Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) se encerrou cerca de duas horas e meia depois do início da manifestação. Eles ocuparam o pátio da empresa, que ficou com os portões fechados até por volta das 16h. Os caminhões, que sairiam para a coleta às 12h30min, não deixaram o local. Apenas os veículos que transportam asfalto para os tapa-buracos nas ruas foram liberados.
A paralisação é mais um capítulo da crise vivida pela companhia, que acumula um déficit financeiro na casa dos R$ 30 milhões. O motivo do movimento foi, segundo os servidores, por causa da precarização da estrutura para o trabalho. Eles alegaram que faltam alguns equipamentos de proteção individual (EPIs), que trabalham com uniformes rasgados e que os caminhões estão trafegando com pneus desgastados. Além disso, disseram que a direção reduziria o percentual de 40% correspondentes à insalubridade para 20% para os servidores da área da construção civil.
Pouco antes das 16h, se encerrou uma negociação, entre a direção da companhia e representantes dos servidores, que resultou no fim da mobilização. Participaram além do chefe de gabinete, a vereadora Denise Pessoa (PT). Representante do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil também esteve no local.
A direção da Codeca reiterou, nesta tarde, por meio de nota, que está passando pelo mais crítico momento financeiro da história da companhia. Informou que, além do déficit de R$ 30 milhões, acumulado nos últimos cinco anos, a empresa tem em média, no primeiro quadrimestre deste ano, 84% da sua receita comprometida com a folha de pagamento. Só no mês de abril, 98% destes recursos foram destinados para despesas de pessoal, o que, segundo a direção, demostra a total dificuldade financeira da empresa. O pagamento de periculosidade e insalubridade foi de R$ 4.119.684, em 2020, num total de R$ 6.261.920 com os encargos no ano, o que representa 5,73% da receita.
A direção não respondeu se manterá ou não os 40% referentes à insalubridade, mas disse que para a manutenção da empresa e dos empregos dos 1,2 mil trabalhadores, a administração está buscando diversas formas de redução de custos dentro das normas legais e vigentes e captação de novas receitas. Que estão sendo feitas avaliações técnicas em todos setores. Já foram reduzidos, por exemplo, cargos de liderança, valores de horas extras entre outras.
— A Codeca precisa se reerguer e para isso medidas precisam ser promovidas imediatamente, o que está acontecendo desde os primeiros dias de 2021. Além da questão financeira, a população está exigindo um serviço de qualidade que é a obrigação da empresa, mas lamentavelmente a situação vem impactando na operacionalização dos serviços que sempre foram referência. Nesta tarde, infelizmente o corpo diretivo, afastado devido à covid-19, não estava presente na companhia no momento de paralisação de um grupo restrito de colaborares o que acabou impedindo a empresa de cumprir parcialmente os compromissos com a comunidade como a coleta de resíduos e capina da tarde e as operações tapa-buracos e remendos que haviam sido retomadas nesta quarta-feira — disse a presidente da Codeca, Helen Machado, na nota.
Quando a questão de EPIs e uniformes, a empresa disse que cumpre todas as exigências com base na legislação. Que não tinha regramentos para retirada desses itens, que foram implantados este ano.