Duas casas asilares de Caxias do Sul enfrentam surtos de coronavírus. Os casos foram identificados durante a quarta rodada de testagem para diagnóstico da covid-19. Em um dos asilos são 32 casos, sendo que duas pessoas morreram em decorrência do vírus e não há nenhum idoso ou profissional internado. Na outra casa asilar, há 15 pessoas contaminadas, sendo que uma vítima morreu e outros três infectados pelo vírus estão internados em hospitais da cidade. A idade dos contaminados varia de 60 a 90 anos. O número de surtos pode ser maior já que a equipe do Serviço de Atenção Domiciliar da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) ainda não conclui a testagem nos asilos da cidade.
Diferente das outras três rodadas, em que eram aplicados testes rápidos para todos os idosos e funcionários, nesta nova etapa são realizados exames do tipo PCR somente para os que apresentarem sintomas gripais. A mudança no protocolo ocorre em virtude de um número expressivo de funcionários e residentes já ter sido diagnosticado com o vírus em outras etapas, além da adequação na norma técnica estadual. Desde o começo da pandemia já foram diagnosticados 16 surtos em casas asilares, sendo 14 já encerrados e esses dois ativos e em monitoramento. Também foram registrados 20 mortes de idosos residentes em casas asilares por complicações em decorrência do coronavírus no município.
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Nesta quarta etapa, a SMS já revisitou 19 casas asilares para testar idosos e profissionais que apresentaram sintomas gripais. Eles tiveram amostra coletada para realização do exame RT-PCR. A coleta segue nos próximos dias. Nas três etapas anteriores, 3.798 testes foram aplicados em 29 instituições de longa permanência de idosos (ILPIs) e cinco congregações religiosas. A SMS identificou 51 positivos na primeira rodada, 37 na segunda e 242 na última, que foi realizada em setembro. No total, as três testagens em massa resultaram em 330 casos positivos.
O Secretário Municipal de Saúde, Jorge Olavo Hahn Castro, ressalta que a prevenção tem sido uma das alternativas para preservar a saúde dos idosos:
— Quem vive nas casas asilares são idosos com idade avançada e comorbidades, e por isso, temos que trabalhar fortemente a prevenção. Temos uma preocupação altíssima com os idosos e tentamos minimizar os impactos da doença nesses locais. Somos um dos únicos municípios que desenvolveu um fluxograma de testagens e monitorou as casas asilares, justamente para evitar casos como vimos na região.
Ele explica que a estratégia tem sido monitorar os asilos para garantir que os protocolos de saúde sejam cumpridos;
— Vamos preventivamente para verificar as medidas sanitárias e se tem alguém com sintomas da doença. É uma preocupação constante tanto que mudamos a abordagem devido ao aumento do número de casos em Caxias do Sul. O contágio aumentou e isso reflete nas casas asilares, o que significa que os trabalhadores dessas instituições são contaminados e transmitem para os idoso. Temos trabalhado a conscientização dos proprietários e das equipes de funcionários sobre a necessidade de manter medidas rígidas e preservar a vida. Conversamos, esclarecemos dúvidas e passamos orientações.
O secretário enfatiza:
— A pandemia não acabou tanto que estamos em uma situação de contágio maior agora do que em setembro, mas do que medidas restritivas precisamos da conscientização da população. O uso de máscara é indispensável, faço um apelo, usem máscara, porque é essencial no combate ao contágio, mantenham o distanciamento físico, fique em casa se possível, e não fique em aglomerações. Essas medidas são a única maneira de combater a disseminação e o crescimento do número de casos.
Como funciona
Ao chegar aos asilos, a equipe do Serviço de Atenção Domiciliar aplica um questionário para cada paciente, realiza a triagem e mede a temperatura de todos. Essa etapa de fiscalização serve inclusive para inspecionar e avaliar outros aspectos sanitários que podem acarretar em novos surtos. A pasta segue o monitoramento dos pacientes em casos suspeitos e confirmados da doença.
Outra ferramenta que tem auxiliado no atendimento aos casos de coronavírus em idosos é o serviço de telemedicina da Universidade de Caxias do Sul (UCS). O contrato entre o município e a UCS prevê o telemonitoramento de 900 pacientes por trimestre, sendo 300 por mês, num investimento de mais de R$ 80 mil.
O secretário de Saúde, Jorge Olavo Hahn Castro, explica que o convênio surgiu da necessidade de um monitoramento melhor de casos envolvendo idosos:
— A finalidade do convênio é identificar precocemente os casos que não estão evoluindo bem, em que os idosos não estão melhorando. Em caso de suspeita ou diagnóstico confirmado da doença eles serão monitorados. Quem determina a necessidade de acompanhamento é a equipe da Vigilância Sanitária. Se a equipe de telemedicina notar qualquer alteração, o Samu será acionado e irá até o asilo ou à casa do idoso para identificar o estado de saúde.