A semana começa com ampla circulação de pessoas pelas ruas centrais de Caxias e com praticamente todos os estabelecimentos abertos, entre eles, comércio não essencial, que poderia atuar apenas com sistema pegue e leve e drive-thru em bandeira vermelha. A maioria dos pedestres afirmava, na manhã desta segunda-feira (3), nem saber quais restrições estariam em vigor em Caxias, como exemplifica a manicure Ilze Souza, 64 anos.
— Para mim, sempre está tudo aberto porque é só manter os cuidados – diz ela, que visita lojas centrais diariamente no intervalo do trabalho.
Na sexta-feira (31), apesar de a região ter sido classificada pelo Estado na bandeira vermelha, a prefeitura decretou regras mais brandas para os restaurantes e comércio não essencial, assim como 27 cidades que integram a Associação de Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne). Como as decisões vão contra o decreto estadual, a Justiça, por meio do Ministério Público, barrou as prefeituras de Caxias, Bento Gonçalves, Garibaldi, Veranópolis, Nova Prata, Guaporé e Protásio Alves a partir desta segunda-feira. Já em Farroupilha , Carlos Barbosa e São Marcos, os decretos municipais seguem valendo. Em Flores da Cunha não houve regras diferenciadas à bandeira vermelha do Estado.
Se a população não tem certeza de quais normas estão valendo, não é diferente para os proprietários e gerentes. Em uma loja de móveis e eletrodomésticos localizada na Rua Visconde de Pelotas, o gerente Eloir Longo resume:
— Na semana (passada) era bandeira vermelha, na sexta veio um decreto que poderíamos atuar e em 24 horas já não pode mais. É difícil na organização de estrutura. O que precisávamos era de uma determinação de é ou não é. Vira uma guerra interna de quem pode mais chora menos — relata.
Em uma cafeteria e restaurante da mesma rua central, a situação é idêntica.
— Está bem confuso porque tomamos uma decisão na sexta, mas no domingo é outra. Amanhã pode sair um outro decreto. Estamos atendendo com espaçamento porque não sabemos se até o final do dia sairá um novo decreto. Estamos realmente sem saber o que fazer — afirma a gerente Suzete Zanardi.
No final da manhã desta segunda-feira, a informação do procurador do município, Lauri Romário Silva, é de que a prefeitura não irá recorrer da decisão. A Justiça impediu que Caxias atue por decreto próprio, diferente do estipulado pelo governo do Estado.
— O município entende o processo em si, instaurado pelo Ministério Público, que já perdeu seu objeto diante do deferimento da liminar. O município não vai remanejar nenhum tipo de recurso subsequente e está acatando a ordem judicial inclusive com a revogação do decreto — afirma.
À tarde, o governador fará o anúncio oficial das bandeiras para a próxima semana.