Três meses após a implantação de medidas de combate ao coronavírus que limitaram a capacidade de ocupação no transporte coletivo de Caxias do Sul, parte dos ônibus segue circulando com excesso de passageiros, especialmente nos horários de pico. Em alguns casos, o problema inclusive se agravou nesta semana, após a mudança para a bandeira vermelha no sistema de distanciamento controlado do Estado. O motivo é a necessidade de ajustes operacionais para se adequar às novas regras.
Até o início desta semana, a limitação nos ônibus se baseava no total de assentos mais 10 passageiros em pé para ônibus comuns e 15 para os articulados. Desde terça-feira (16), porém, é permitida apenas a metade da capacidade total do veículo (somados os passageiros sentados e em pé).
No início da manhã desta quinta-feira (18), a reportagem conferiu a quantidade de passageiros nos ônibus que circulavam pelas estações Catedral e Ópera, na área central. Das 23 linhas observadas, três estavam com todos os assentos ocupados e vários passageiros em pé, o que contraria as determinações. Dois dos veículos realizavam o itinerário L02 - Salgado Filho com ônibus comuns.
Em função da lotação, alguns passageiros ficaram sem conseguir embarcar nesta manhã. Um dos casos foi observado às 6h54min na estação Catedral. O ônibus chegou a parar, mas o motorista informou que não poderia permitir a entrada de ninguém.
— E agora, como fazemos? Não existe próximo ônibus para nós — disse a costureira Miriam Delfino, 51 anos, ao comentar que se atrasaria para o trabalho.
Ela retornou ao trabalho nesta semana e até então não tinha sido impactada de forma significativa pelo problema pela manhã. Segundo a costureira, a quantidade de passageiros na linha Salgado Filho é maior em comparação à Pôr do Sol/Pioneiro, que ela também utiliza. Contudo, Miriam afirma que nos últimos dias o número de passageiros era menor que os períodos sem pandemia. O cenário, porém, é diferente no fim da tarde, quando ela afirma que o ônibus costuma estar lotado.
A técnica em enfermagem Luciana Saldanha, 29, também enfrenta o excesso de passageiros na Linha Fátima, especialmente às 18h. Por volta das 7h30min, segundo ela, o número de passageiros é menor. Ela alerta, contudo, que muitas pessoas não utilizam máscaras dentro dos coletivos.
O gerente de Trânsito e Transportes da Secretaria de Trânsito, Evandro Rech, afirma que a fiscalização notou um aumento nos casos de excesso de passageiros nesta semana, mas que o trabalho de verificação foi intensificado. De acordo com ele, não foi determinada nenhuma mudança nas planilhas de horário das linhas, mas ajustes são necessários devido ao comportamento dos passageiros.
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— Todas as linhas têm questão pontual para ser resolvida. É complicado prever (onde vai ter problema). Vínhamos numa crescente de passageiros e as coisas foram melhorando. Tudo varia conforme a época do mês, se tem alguma data festiva — exemplifica.
Quando há a identificação de alguma linha com excesso de passageiros, a Visate é procurada e orientada a disponibilizar mais veículos para o horário. Segundo Rech, a concessionária tem atendido às solicitações. Com relação à linha Salgado Filho, o gerente disse que irá verificar com a empresa o motivo da utilização de ônibus comuns, em vez de articulados. De acordo com ele, a decisão da mudança não partiu da secretaria.
— Essa é uma das linhas que não tinha problema nenhum e com a inserção dos ônibus simples começou a ter excesso — justifica.
A Visate foi contatada e afirma que "as possíveis trocas na L02 Salgado Filho ocorreram devido a problemas operacionais. Nesses casos, podemos realizar as trocas". A concessionária afirmou ainda que a previsão é de que, a partir do meio-dia desta quinta, os ônibus articulados retornem para a linha.