Especialmente nos horários de pico, por mais pesado que o tráfego esteja, alguns motoristas questionam o tempo de abertura dos semáforos, especialmente aqueles que não conseguem pegá-los abertos em sequência. Em Caxias do Sul, a programação das sinaleiras funciona, principalmente, em dois movimentos. Um deles é a chamada abertura por blocos, enquanto que o outro é conhecido como "onda verde".
A partir de estudos, a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM) avaliou que as duas formas são as mais adequadas para que o tráfego possa fluir na área central do município.
O secretário-adjunto da pasta, Alfonso Willenbring Junior, explica que a abertura por blocos é utilizada nos horários de pico. Pesquisas e estudos de engenharia da pasta demonstram que a programação favorece mais a fluidez nos momentos de tráfego mais pesado. Nesse formato, o tempo de abertura dos semáforos é de um minuto e 45 segundos. Nessa programação, a maioria das sinaleiras das vias abre ao mesmo tempo.
— Temos pesquisas. Nós temos trabalhos de engenharia que nos afirmam isso. Nos momentos de pico de movimento, ou seja, início da manhã, final da tarde, estamos adotando a metodologia de abertura em bloco. Você está na Sinimbu, ele abre vários semáforos juntos para que a movimentação se inicie concomitante em vários semáforos. Verificamos que rende melhor a fluidez veicular — diz o secretário-adjunto.
Já na "onda verde" existe a diferença de oito segundos para abertura dos semáforos. Por isso, essa estratégia é utilizada nos horários de entrepico, como explica o secretário-adjunto:
— Se colocarmos conforme onda verde dá uma diferença de aproximadamente oito segundos. Por exemplo, abriu o primeiro lá na Rua La Salle, na Avenida Itália. Oito segundos depois abre na Feijó Júnior, depois mais oito segundos na Coronel Flores, mais oito segundos e assim vai indo. Se pegarmos nesses períodos em que está ativa a onda verde e não tem tráfego que faça parar, se você pega na entrada da cidade, andando na velocidade da via, de 40 km/h, vai chegar lá no (Monumento ao) Imigrante sem parar em semáforo nenhum. Todos vão abrindo pra você.
Sentido Leste-Oeste tem a preferência
Para a programação dos semáforos, o secretário-adjunto acrescenta que as vias que carregam o trânsito no sentido Leste-Oeste são priorizadas porque ali estão os principais corredores de ônibus. São as ruas como Sinimbu, Os 18 de Forte, Bento Gonçalves e Ernesto Alves, por exemplo.
Para que a programação funcione, precisa existir uma sincronia entre essas vias e as transversais, como Rua Moreira César, Visconde de Pelotas, Doutor Montaury, entre outras.
— Essa sincronia não é fácil. Nós conseguimos priorizar o sentido Leste-Oeste, que é onde temos os corredores principais de ônibus. Isso causa, naturalmente, em algumas das transversais, a impossibilidade de conseguirmos fazer com que elas também tenham a mesma sincronia. Nós temos que priorizar um dos sentidos — detalha.
Dentro do cálculo também estão os semáforos para pedestres. Segundo a pasta, Caxias tem 300 cruzamentos semaforizados. Desses, 197 possuem um tempo exclusivo para pedestres, ou seja, são aqueles em três tempos. Desses 197, 126 são aqueles acionados por botões. No caso desses, enquanto o botão não for apertado, o semáforo trabalha apenas para as faixas dos veículos.
Os outros 71 funcionam juntamente com o ciclo dos semáforos. O tempo para os pedestres é de 13 segundos. Os semáforos também têm um ciclo de três segundos em que todos ficam fechados. Como conta o secretário-adjunto, é para evitar que aqueles motoristas "afobados", que furam o sinal, acabem causando um acidente.
— Eu sei que muitas pessoas nos questionam que 13 segundos para algumas pessoas, talvez portadoras de alguma deficiência ou mesmo idosos, teria pouco tempo para pessoa atravessar. Mas, ressaltamos, tem todo um comportamento necessário de todos os envolvidos. Não é só a pessoa que está atravessando. Uma vez que ela adentrou a faixa e iniciou a travessia, a preferência é do pedestre até que ele termine a travessia — relembra o secretário-adjunto.
A secretaria também muda a programação conforme alguma necessidade, como em feriados, por exemplo.
Mau hábito impacta no trânsito
Willenbring observa que há um mau hábito visto diariamente no trânsito caxiense. O secretário-adjunto chama atenção aos motoristas que usam o smartphone no semáforo fechado. A infração é uma das mais corriqueiras da pasta:
— O semáforo abre e a pessoa perde ali três, quatro, cinco, seis segundos. E isso retém todo mundo, isso causa um efeito cascata em todo o trânsito, que é muito grande.
Projeto de semaforização inteligente
No futuro, Caxias pode ter uma modernização neste controle do tráfego. De acordo com Willenbring, o projeto para semaforização inteligente está quase concluído e alguns orçamentos também foram feitos.
O planejamento da prefeitura é de ter a instalação no quadrilátero central do município, que vai da Rua Treze de Maio até a Feijó Júnior, no sentido Leste-Oeste, e no sentido contrário vai pegar a Rua Tronca até a Rua Ernesto Alves.
— Um total de aproximadamente 120 semáforos, dos 300 que temos espalhados por toda a cidade. Vamos trabalhar com inteligência artificial. A proposta é essa. E daí, nós teríamos um controle com sensor de necessidades — destaca.
Conforme o secretário-adjunto, o sistema dará informações por área de calor. A partir dos dados, a ferramenta automaticamente poderá mudar a programação conforme a situação do momento.
— Era pra ter sido colocado junto ao sistema de monitoramento, porque esse sistema de semáforos também utiliza câmeras. Outra finalidade desse sistema é a priorização do transporte coletivo. Através de sensores nos próprios ônibus, conseguimos fazer com que o ônibus tenha prioridade na travessia dos cruzamentos. É um passo largo em direção à modernização — conta o secretário-adjunto.
A expectativa é de ter a implantação no início do ano que vem.