A rede hoteleira da Serra fechou as portas em grande parte dos municípios serranos para tentar barrar o avanço da covid-19 entre a população. Hotéis, pousadas e motéis adiaram ou cancelaram reservas e não recebem hóspedes ou clientes por conta da pandemia do coronavírus. Em Caxias do Sul, Bento Gonçalves, São Marcos, Farroupilha e Nova Prata os leitos foram fechados também por determinação das prefeituras que decretaram estado de calamidade pública. São quase dez mil leitos fechados apenas na região atendida pelo Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (Segh).
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Na maioria dos municípios, os hoteleiros flexibilizam cancelamentos. Aqueles hóspedes que desejam cancelar a reserva receberão o valor de volta e os que querem manter as reservas terão um prazo até o fim de 2020 para utilizarem o crédito sem nenhuma despesa extra.
Na base do Segh, há em torno de 25 hóspedes que sairão dos hotéis até domingo (22) ou segunda-feira (23). No entanto, os estabelecimentos estão com as portas fechadas. Os clientes aguardam orientações das empresas ou agências de turismo para retornar para casa.
— Nenhum hotel está aberto. Mesmo com algum hóspede ainda todos estão de portas fechadas. No caso dos leitos ocupados as medidas de segurança foram tomadas e os hóspedes não podem circular pelas ruas. Não é permitida a entrada e saída dos clientes —explica a diretora executiva do Segh, Marcia Ferronato.
O presidente do Segh, Vicente Homero Perini Filho, acrescenta que o cenário é grave do ponto de vista econômico, já que as diárias serão devolvidas caso o cliente deseja cancelar e não adiar a reserva:
— A situação é grave, e há um transtorno enorme, mas temos que acima de tudo pensar na saúde. Concordamos que é a alternativa mais correta porque se a doença se alastrar não teremos leitos suficientes para atender a todos. O mercado irá sofrer, sim, mas hoje estar na rua é arriscado.
O presidente aponta ainda que em relação aos restaurantes também buscaram alternativas para evitar um colapso ainda maior.
— Fizemos acordos para férias na tentativa de manter o maior número de empregos e evitar demissões em massa.
Na região do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias (Sindtur- Serra Gaúcha) Região das Hortênsias, que atua em Gramado, Canela, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula em torno de 30 mil leitos estão fechados. Em Nova Petrópolis, ainda na última quinta-feira (19), a rede hoteleira da Associação Comercial e Industrial de Nova Petrópolis (Acinp) realizou uma reunião via Skype e, juntos, decidiram que os hotéis do município não aceitarão mais reservas até 31 de março, quando a situação será reavaliada.
O presidente do Sindtur, Mauro Salles, afirma que o próprio mercado deixou claro que a tendência era o cancelamento e suspensão. Ele ressalta ainda que em apoio e respeito aos decretos municipais fecharam os estabelecimentos:
— Os hotéis fecham as portas na região para proteger a saúde da população que é a prioridade número 1 agora. Todos os esforços estão voltados para conter a propagação do vírus.
Ele explica que o sindicato orienta os hotéis a devolverem o valor das reservas ou negociar com os hóspedes:
— Nossa orientação é de tentar uma negociação para tentar remarcar, e não cancelar a reserva, a maioria dos clientes está aceitado adiar a reserva para quando a situação normalizar.
SOLIDARIEDADE EM MEIO À CRISE
Em meio à crise, empresas e entidades da região estão apoiando as instituições de saúde e oferecendo apoio no enfrentamento do coronavírus.
— O Alpen Park doou para o hospital de Canela um ventilador pulmonar para auxiliar a instituição. Já a rede Laghetto ofereceu para as prefeituras de Canela e Gramado os leitos dos hotéis para profissionais de saúde e para o que o município precisar em prol da saúde da nossa comunidade . São dessas atitudes que precisamos agora — afirma Salles.
Para Márcia, a solidariedade e união podem fazer a diferença neste momento:
— O importante é a saúde de todos. Precisamos valorizar quem precisa trabalhar, quem não pode parar e para isso temos que ficar em casa para que eles fiquem bem para cuidar das nossas necessidades, da nossa saúde e deles mesmos. É um momento de mesmo à distância nos dar as mãos. Precisamos olhar para o outro e deixar despertar a solidariedade, e que estes atos permaneçam e nos mantenham unidos. Vamos superar estes momentos, com cicatrizes, mas juntos.
Campanha online
Outra iniciativa é uma campanha online para arrecadar recursos para o Hospital de Canela. A ação é promovida pelo Sindtur em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Canela (ACIC). Intitulada Canela Contra o Corona, a iniciativa pede que a comunidade tenha empatia e ajude o hospital para que a instituição possa cuidar da saúde da população.
— É a hora de mostrar que juntos vamos voltar a ver o mundo sorrir. Hora de mostrar que nos preocupamos com o próximo e que se unirmos esforços, somos capazes de tudo_diz a descrição da campanha.
A meta é arrecadar R$ 138.826,73. Os recursos serão usados para a compra de cama hospitalar, monitor, ventilador pulmonar e bomba de infusão. Para ajudar basta acessar www.vakinha.com.br/vaquinha/canela-contra-o-corona.