
Caxias do Sul deve fechar o ano com uma média de produção de 500 toneladas por dia de lixo. É como se cada habitante da cidade produzisse um quilo de lixo diário. A expectativa é da Codeca que, nos últimos anos, tem coletado uma média diária de 450 toneladas.
A tendência de aumento está relacionada à recuperação da economia. Com a crise, em 2015, a companhia percebeu uma estabilizada na produção de resíduos, que começou a mostrar sinais de retomada no final de 2018.
— A produção está ligada diretamente ao consumo. Muitos perderam emprego e quem tinha renda, diminuiu o consumo — analisa Ricardo Becker, gerente operacional da Codeca.
Da produção diária de lixo, a maioria é orgânico: 80%. Os outros 20% são de seletivo, que nem sempre podem ser reaproveitados. Quando o lixo seletivo é misturado com o orgânico, ele acaba sendo descartado. Conforme Becker, somente 20% do seletivo é reciclado — de 90 a 100 toneladas. O restante é perdido.
— Tem muito resíduo orgânico na lixeira seletiva e vice-versa. Poderia ser muito mais aproveitado — destaca.
Um estudo do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), lançado no início do mês, mostrou que o Brasil é o quarto país no mundo que mais produz lixo. São mais de 11,3 milhões de toneladas e apenas 1,28% de reciclagem. Está atrás só dos EUA (1º lugar), da China (2º) e da Índia (3º).
Segundo dados do Banco Mundial, mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular no Brasil, sem tratamento e, em muitos casos, em lixões a céu aberto.
Segundo o estudo lançado pelo WWF, o volume de plástico que vaza para os oceanos anualmente é de cerca de 10 milhões de toneladas. Nesse ritmo, até 2030 serão lançados ao mar o equivalente a 26 mil garrafas de plástico para cada quilômetro quadrado. Aproximadamente metade dos produtos plásticos que poluem o mundo hoje foi criada nos anos 2000.
Reciclagem
O lixo seletivo coletado pela Codeca é encaminhado para 13 associações de recicladores, que empregam 400 pessoas.
Esforços para não desperdiçar e reaproveitar

O cuidado com o meio ambiente é uma constante preocupação da nutricionista Carolina Rizzon, 33 anos. Há um ano, comprou uma composteira, que fica na garagem do prédio, e vem transformando restos de alimentos em material que aduba a horta da mãe.
Com o lixo seletivo ela tenta ter a mesma atenção. Já aboliu canudos de plástico e dá preferência aos cosméticos com embalagens biodegradáveis.
— Esses dias fui no mercado e tinha uma bolacha industrializada com duas embalagens. Pensei: Nossa, duas embalagens! Nunca compraria essa bolacha — diz ela, que tem formação em chef de cozinha e é professora universitária.
Apesar dos esforços, Carolina tem uma frustração: não conseguiu substituir a fralda descartável do filho Afonso, de três meses. Por uma questão financeira e também por falta de tempo, ela acabou cedendo — não teria disponibilidade para lavar fraldas de pano nem dinheiro para comprar fraldas ecológicas.
— São muito caras (as fraldas ecológicas). Não consegui aderir, fiquei bem triste — conta Carolina, que usa de seis a sete fraldas por dia.
DICAS PARA REDUZIR A PRODUÇÃO DE LIXO
> Evite garrafas plásticas. Prefira as de vidro ou retornáveis.
> Troque as sacolas plásticas pelas ecobags.
> Não compre pratos e copos descartáveis.
> Dispense os canudinhos de plástico.
> Prefira as fraldas de pano.
> Faça compras em lojas de produtos a granel.
> Use guardanapos e toalhas de pano.
> Aproveite os dois lados da folha de papel.
> Imprima somente quando necessário.