A Secretaria Municipal de Urbanismo aproveitou uma reunião na Câmara de Vereadores ontem para debater soluções para a baderna no entorno da Estação Férrea para apresentar um rascunho do projeto de revitalização da área — proposta que vem sendo defendida desde 2014 pelo poder público como saída para eliminar tumultos e consumo de bebida alcoólica por adolescentes nas ruas Augusto Pestana, Coronel Flores e arredores.
Se no início a ideia era realizar as obras em parceria com os empreendimentos da região, o que acabou não avançando, agora o projeto deve ser bancado pelo município. Como destaques, a secretária Mirangela Rossi destacou o aumento da vigilância com câmeras de monitoramento e uma nova e mais abrangente iluminação, fatores que, segundo ela, contribuirão para diminuição da desordem na Estação. No último dia 27 de janeiro, um evento convocado pelas redes sociais reuniu milhares de adolescentes e terminou com brigas, pessoas feridas e dispersão por meio da Força Tática da Brigada Militar, recebida com hostilidade pelo público.
— Será uma área para todos os públicos e com vigilância em vídeo. Haverá iluminação maior e com pontos de câmeras para que a Guarda Municipal possa ter mais controle sobre a área — detalhou.
Leia mais
Campanha quer unir comunidade na preservação da Estação Férrea, em Caxias
Órgãos de segurança farão operação na Estação Férrea de Caxias do Sul
Vereadora vê necessidade de rever legislação para disciplinar uso de áreas públicas de Caxias
Outras novidades do projeto, que ainda não está concluído e deve ser apresentado em detalhes na Câmara de Vereadores até o final do mês, são a construção de um palco com arquibancadas para apresentações artísticas, banheiros e uma praça, além de um mirante próximo à Rua Marechal Floriano. Conforme a secretária, o projeto também pretende restaurar prédios antigos do bairro e preservar a área verde. A secretária, porém, não detalhou quando se iniciariam as obras nem quando o trabalho ficaria pronto.
— Não fechamos o orçamento, mas deve passar de R$ 1 milhão. A quantia virá de um fundo do banco de índices construtivos do município. Nos próximos dias, haverá uma nova reunião para definirmos o orçamento — destaca Mirangela.
Órgãos seguem repetindo discurso da falta de efetivo
Passado o tumulto ocorrido no dia 27 de janeiro, apenas o último de uma série de confusões ocorridas na Estação Férrea nos últimos anos, forças policiais e prefeitura voltaram a prometer ações pontuais aos fins de semana, o que acabou de fato acontecendo. Comerciantes do entorno, porém, reclamam que as blitze acabam se escasseando com o passar do tempo e a situação volta a ficar complicada.
— Não precisa ter 20 viaturas na Estação para resolver o problema. Dois ou três agentes já seriam suficientes para assustar os baderneiros — reclamou o dono de um bar no Largo da Estação que preferiu não se identificar.
A resposta da Brigada Militar e da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, que responde pela Guarda Municipal, é praticamente a mesma já citada em reportagens sobre o assunto publicadas pelo Pioneiro: a falta de efetivo dificulta a vigilância.
Para o major Emerson Ubirajara Rodrigues, subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar de Caxias do Sul, o problema vai além da presença física de policiais. Ubirajara lembra que cada órgão, por si só, não acabará com os tumultos na Estação:
— A cidade tem 500 mil habitantes e há noites em que temos apenas três viaturas disponíveis. Quem vai fazer a segurança de outros bairros? Evitar homicídios ou assaltos? Dos últimos 21 dias de vigilância na Estação, a BM esteve presente em 16. No dia que não fomos, houve a bagunça.
O secretário de Segurança Pública, Ederson de Albuquerque Cunha, também defende que a Guarda não pode ser a única responsável pela vigilância.
— Cabe à Guarda defender o patrimônio público, as áreas públicas e não a ordem pública. Não estamos em todos os lugares. Temos limitações. Estamos fazendo diagnósticos na Estação e em outros locais com perturbação do sossego — destacou.