O relógio já se aproximava das 13h deste sábado, mas a moradora do bairro Desvio Rizzo Mariane Cristina Lima de Campos, 29 anos, ainda permanecia na sala de espera do Pronto-Atendimento 24 Horas de Caxias, onde havia chegado pelo menos quatro horas antes. Ela estava sentindo dor no peito, com tosse e passou a noite com febre.
— Fui deixando porque cada vez que venho aqui é desse jeito. A gente vem e fica o dia todo. Hoje, quando fiz a ficha de manhã me falaram que ia demorar de três a quatro horas. Eu acho um absurdo, muitas pessoas passam mal aqui e só são atendidas quando estão em estado crítico. As pessoas reclamam indignadas, ninguém está aqui porque quis sair de casa para ficar sentado aqui, são pessoas que precisam — reclamou ela.
Já a auxiliar de limpeza Janice Ferreira, 52, foi atendida na sexta por conta de fortes dores no estômago e, neste sábado, aguardava para mostrar exames. Chegou às 9h, mas às 13h ainda não havia sido chamada.
— Estou louca para saber o resultado, estou aqui sem almoço. Isso não tem explicação. Me falaram que tinha três médicos atendendo na urgência, mas não sei — disse ela.
Perto de Janice, a agricultora Elizete Cristina Guralski, 20, permanecia agachada, apoiada na parede, também à espera do atendimento. Ela foi trazida pelo namorado, Jonatha Bianchi, porque passou a noite com tontura, dor no estômago e vômito. Os dois vieram de Loreto da 2ª Légua, no interior de Caxias. Estavam no Pronto-Atendimento desde às 9h16min.
— Falaram que não era caso urgente e tinha que esperar. Até agora nada. Não sabemos quando vamos ser atendidos — disse Jonatha, preocupado ainda porque a pressão da namorada, medida pela manhã, estava bem baixa, cinco por sete.
De acordo com o secretário da Saúde, Geraldo Freitas Júnior, o ponto crítico no Postão é somente com relação ao atendimento pediátrico. Segundo ele, por conta de licenças e férias de alguns médicos, a comunidade tem sofrido com menos pediatras.
— Estamos buscando contratar pediatras para esta noite e fazer encaminhamentos à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). Em agosto, a situação deve se normalizar com a escala completa dos médicos — disse.
Ainda conforme o secretário, o atendimento na urgência adulta estava operando com normalidade neste sábado. Casos não-graves têm prazo de até quatro horas de espera para o atendimento.
— Casos classificados como emergências são atendidos imediatamente — esclareceu Feitas.
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