Conheça os detalhes dos trajes oficiais da rainha e das princesas da Festa da Uva

Aliar a sofisticação de um traje de luxo com a simplicidade transmitida pelas imigrantes que desbravaram a Serra Gaúcha foi o desafio que a equipe responsável pela elaboração do vestido oficial da corte da Festa da Uva encarou nos dois últimos meses.

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O resultado foi apresentado na noite desta sexta-feira em cerimônia na Praça Dante Alighieri. A peça é um pedaço importante da memória da festividade. A rainha, Rafaelle Galiotto Furlan, e as princesas Laura Denardi Fritz e Patrícia Piccoli Zanrosso desfilaram para a comunidade em vestidos com tons de vinho que carregam, em cada costura, um pedacinho das 30 edições da Festa Nacional da Uva. É claro que elementos que remetem ao cultivo da uva não ficariam de fora dos trajes, mas há um acréscimo importante na interpretação deles.

Diante de um passeio entre videiras em Monte Bérico, o estilista paulista Walter Rodrigues, que assina a produção, notou as rosas plantadas antes de cada parreira de uva. Além de enfeitar o plantio, as roseiras tem a função de proteger a uva das pragas que, quando aparecem, colocam em xeque todo o esforço do agricultor. Desta forma, Walter fez uma analogia ao processo produtivo da uva: a rainha representa os parreirais, e as princesas, as rosas que os protegem.

- A princesa está junto da rainha, está a acompanhando o tempo todo. As princesas são os jardins, tem até abelhas pequeninhas inseridas na roupa. E a rainha está propriamente vestindo o vinho - define o estilista.

Além disto, o tom das vestes simboliza variedades da bebida de Baco: Laura e o vinho rosé, Patrícia e o vinho branco e Rafaelle com o vinho tinto. A força da mulher imigrante que dobrava a jornada entre o campo e a família é encontrada em detalhes. O movimento do avental, por exemplo, lembra o ato de erguê-lo, típico das trabalhadoras que o seguravam no momento em que colhiam a uva, para não sujar a peça. Um dos diferenciais em trajes de outras edições é que o corpo da rainha e princesas está mais ajustado ao corpo, segundo o estilista. A gola do traje da soberana lembra modelitos dos anos 1950, e o xadrez do vestido das princesas vem de estampas usadas por italianas em 1930, segundo Walter. O processo criativo mesclou história e personalidade das soberanas.

- O traje não é uma fantasia de princesa ou rainha. É um traje: ele tem que fazer a ligação entre o humano que porta o traje e toda a solenidade que ele evoca e transparece - defende.

Vestido da rainha

:: Rafaelle usará um vestido cor vinho.
:: Ele é enfeitado por cachos de uva, gavinhas e folhagens da parreira. Os símbolos indicam a importância da rainha ao representar uma terra que cultiva a uva.
:: Há um corpete em veludo, estruturado com uma gola xale (mais aberta no pescoço), rebordado com cristais, pérolas, canutilhos e miçangas. Uma camisa branca em seda pura com mangas recortadas em círculos dão amplitude e fluidez, com detalhe de renda e rebordada com miçangas e paetês. A manga é especialmente desenhada para a tradicional hora em que a soberana abana ao público;
:: Uma sobressaia em tafetá de seda pura, cor vinho, com aplicações de cristais e pérolas representam a colheita das uvas. A saia é feita em cetim de veludo, rebordada com folhas de parreiras e treliças. O avental de macramê foi tecido com fitas. É branco, como os aventais de dias de festa. Um cinto em crochê de metal arremata o conjunto enfeitado por pequenos cachos de uva.

Vestidos das princesas

:: Cada princesa vestirá um traje de cor e estampa diferentes, diferente da última edição. Enquanto o vestido de Patrícia é com lilás mais claro, lembrando o vinho branco, o traje de Laura lembra o vinho rosé; 
:: A veste conta com um corpete estruturado, bordado com miçangas e tafetá de seda. O corpete deixa o corpo mais desenhado, garante o Há uma sobressaia drapeada, que simboliza as saias arrebanhadas, erguidas na hora da colheita. 
:: As meninas vestem uma camisa branca em cetim de seda, com mangas com renda. :: A saia é de tafetá de seda, com xadrez em tons claros, lembrando os tecidos tradicionais dos pioneiros. A barra tem flores e cachos de uvas rebordados com pérolas, cristais, canutilhos, miçangas e paetês. 
:: Um avental com a técnica macramê completa o traje. Detalhes de abelhas e borboletas decoram o cinto.