Um protesto de médicos residentes do SUS afeta o atendimento no Hospital Geral (HG) de Caxias do Sul, nesta quinta-feira. Desde a semana passada, os pacientes da instituição já enfrentam problemas com o fechamento temporário da UTI pediátrica, que impede a internação de crianças com a saúde em risco.
Confira as últimas notícias do Pioneiro
Na mobilização desta quinta, foram suspensas cirurgias, avaliações, prescrições e consultas que envolvam residentes. Só estão sendo atendidos casos de urgência e emergência. A mobilização começou por volta das 10h, e deve prosseguir até o início da manhã de sexta-feira, quando os serviços serão retomados. Os médicos estão distribuindo panfletos para explicar os motivos da paralisação. Ao contrário do que havia sido informado pela manhã, as atividades acadêmicas dos estudantes de Medicina dentro da instituição ocorrem normalmente.
Apesar da paralisação, algumas cirurgias foram realizadas nesta quinta-feira, segundo integrante da Comissão de Residência Médica do HG, Fernando Willington:
- Foram atendidos casos de cirurgias, mas realizadas pelos médicos contratados. Amanhã retomamos as atividades - revela Fernando.
"Não é fechamento da UTI pediátrica", garante diretor-geral do Hospital Geral em Caxias
O protesto no HG é uma adesão ao movimento em todo o país, programado para durar 24 horas. A Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) agendou a paralisação no final de agosto, a partir da criação do Movimento Nacional de Valorização da Residência Médica. A alegação da ANMR é de que a Lei dos Mais Médicos compromete a qualidade da saúde pública, com o agravante do corte de verbas do SUS.
O movimento também exige mais equilíbrio no repasse de recursos da Bolsa de Residência Médica. De acordo com o movimento, outros bolsistas de ensino médico do Governo Federal, como Provab e Mais Médicos, recebem mais do que os residentes do SUS. A pauta inclui ainda mais fiscalização de todos os programas de residência médica no país, levantamento dos cortes orçamentários, plano de carreira e de valorização para os médicos preceptores (profissional que orienta e acompanha os residentes) e cumprimento da legislação sobre residência médica com a garantia do auxílio moradia, entre outras demandas.
O HG tem 72 residentes (médico graduado que faz treinamento na área de especialidade). Os residentes do Hospital Pompéia não aderiram à paralisação.
UTI continua fechada
Enquanto isso, a direção do HG prossegue nas negociações para solucionar o impasse na UTI pediátrica, referência para 49 cidades da Serra. A direção do hospital afirma que sete médicos pediatras pediram demissão, mas os profissionais garantem que foram impedidos de trabalhar porque reivindicaram direitos trabalhistas previstos em lei.
Desde a semana passada, a instituição está sem pediatras plantonistas. Portanto, nenhuma criança está sendo recebida pelo hospital. O atendimento no HG é realizado apenas por uma médica residente, mas em leitos das unidades adulto e neonatal. O problema só deve ser solucionado em 10 dias, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. O impasse trabalhista chegou ao conhecimento do Ministério Público no dia 17 de setembro, que está acompanhando o desfecho do impasse.