Gilberto Blume: pode? Cidadã busca ajuda em gabinete de vereador e é aconselhada a procurar o Pioneiro

Já se disse, redisse, se disse de novo: o cidadão não tem a quem recorrer dentro do setor público para resolver determinados problemas. Também já se repetiu aqui que o cidadão, sem ter mais guichês aonde bater, procura o Pioneiro. Bater à porta da imprensa significa jogar a toalha, desistir de obter soluções pelo canal oficial, declarar que o serviço público não funciona. O Pioneiro, naturalmente, se sente lisonjeadíssimo pela preferência, mas é preciso insistir que o cidadão merece tratamento mais digno em suas demandas.

Há situações que chegam ao Pioneiro por vias ainda mais tortas do que as habituais. Relatarei o caso de uma cidadã que batalha há seis anos contra o esgoto avariado. O caso é tão inusitado que manterei a leitora no anonimato, pois depois de tudo o que ela enfrentou, qualquer coisa é possível.

O caso.

A cidadã esgotou as possibilidades pelas vias oficiais. Ela coleciona protocolos, recebeu gente do Samae, recebeu funcionários da Secretaria de Obras, recebeu vereadores. Todos viram o problemão do esgoto que a incomoda. Ninguém deu jeito. Dias atrás, a mulher foi ao gabinete do vereador Kiko Girardi (PT) em nova tentativa de obter ajuda.

O vereador não estava, ela foi atendida por um funcionário do gabinete.

O que fez o assessor do vereador?

O assessor sugeriu que a cidadã procurasse o Pioneiro.

Sim, creiam: o gabinete de Kiko encaminhou a cidadã ao Pioneiro.

Kiko disse desconhecer o episódio:

- Foi um equívoco Não é minha orientação. Não concordo e não recomendo que meus assessores ajam assim. A gente tem que dar respostas ao  cidadão. Mesmo que não tenhamos a solução, precisamos encaminhar o cidadão.

A cidadã desencaminhada por um funcionário da Casa do Povo seguiu o conselho recebido no gabinete: telefonou ao jornal, relatou seu drama.

Então ficamos assim: os canais existentes não ajudam a resolver os problemas do cidadão e ainda aconselham o cidadão a procurar a imprensa.

Nesse ritmo, não nos surpreendamos se os próprios funcionários da prefeitura começarem a encaminhar o cidadão ao jornal.