Gilberto Blume: os protestos de 15 de março terão o mesmo destino dos protestos de junho de 2013

Notícias que calha darmos atenção em tempos encharcados de informações que depõem contra políticos, políticas públicas, partidos, empresas financiadoras de campanhas. Em 2015 os partidos receberão R$ 867 milhões, três vezes mais que o previsto no Orçamento da União. A verba do Fundo Partidário foi triplicada por obras do relator do Orçamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Jucá obteve R$ 867 milhões, mas saiu insatisfeito: pleiteava R$ 2 bilhões. Ele justifica a precisão da dinheirama:

- O pedido era de R$ 2 bilhões ao fundo. Estabelecemos um valor possível de atender, que melhora a situação dos partidos e inicia o debate sobre o financiamento público de campanha.

Detalhe irrelevante em Brasília: em 2015 sequer haverá eleição. A declaração do senador é praticamente uma ameaça. Se a possível-quem-sabe-talvez reforma política acabar com as "doações" de empresas e instituir o financiamento público das campanhas, os partidos terão a torneira fechada. Na prática, os parlamentares se antecipam à incerta reforma e asseguram o máximo de dinheiro possível. Jucá vai além, ameaça mais:

- Se (a campanha) tiver financiamento público, o valor terá de ser muito maior. Seria preciso de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões.

Uma das perguntas que sobra é:

Precisamos de campanhas eleitorais milionárias?

O Congresso que acaba de engordar o Fundo Partidário com R$ 867 milhões em ano sem eleição aprovou reserva de R$ 900 milhões para pagar o aumento salarial dos parlamentares, ministros do STF, procurador-geral e presidente da República. A remuneração de senadores, deputados, PGR e ministros do STF passou, em janeiro, a R$ 33,7 mil por mês. Dilma e ministros de Estado recebem R$ 30,9 mil.

Pesquisa Datafolha publicada na Folha de São Paulo mostra que 62% dos brasileiros consideram a gestão de Dilma ruim ou péssima. É o pior desempenho de um presidente desde 1992, ano do impeachment do Collor (68% de reprovação). A pesquisa também revela que 50% dos entrevistados consideram ruim ou péssima a performance de deputados e senadores. Os números da pesquisa se justificam claramente.

Para anotar: os protestos de 15 de março terão o mesmo destino dos protestos de junho de 2013.