Gilberto Blume: em apenas um mês três pessoas morreram no trânsito da área central de Caxias

Março está encerrando com uma péssima marca.

No mês, até ontem três pessoas morreram no trânsito central de Caxias. Minha memória às vezes me deixa na mão, mas puxo as recordações e não lembro de sequência semelhante em tão curto período desde 6 de novembro de 2011, dia em que três jovens morreram em acidente na frente da Igreja São Pelegrino (lembram?).

Aquela tragédia abalou a cidade. Além de abalar a cidade, a tragédia fez nascer a gloriosa Força-Tarefa, operação sistemática integrada pela Fiscalização do Trânsito, BM, PRF, PRE, Guarda Municipal e Polícia Civil. O foco da Força-Tarefa sempre foi tirar de circulação condutores bêbados. E, combinemos, quantos e quantos condutores bêbados a operação flagrou e tirou de circulação - em tese, todos potenciais atropeladores ou provocadores de acidentes.

Apesar de algumas tentativas de extinguir ou de afrouxar o poder da Força-Tarefa, a operação segue firme.

O cidadão agradece.

Março.

Março, dizia-se, fecha trágico.

Naturalmente, não é possível sequer imaginar que a Força-Tarefa possa estar ao mesmo tempo em todos os pontos e em todos os horários. Onipresente, por ora, é a irresponsabilidade de alguns de nós que ainda consideramos estar acima do bem e do mal.

Alô, patrulha: ninguém está afirmando, sequer especulando, que os três condutores que provocaram acidentes fatais estavam bêbados. Não, o que se põe, mui simplesmente, é que em apenas um mês três pessoas morreram no trânsito central de Caxias.

Mal comparando, essa sequência de mortes deveria ser suficiente para chocar como sempre choca, por exemplo, a queda de um avião.

O trânsito e seus benefícios e malefícios, contudo, com frequência é tratado como assunto dos outros. Eu, seja motorista, pedestre, ciclista ou motociclista, pouco ou nada tenho a ver com os avanços e retrocessos encenados nas esquinas, nos cruzamentos, nas sinaleiras.

Enquanto tratarmos o trânsito como um sistema inorgânico, da qual não fazemos parte, seguiremos insensíveis a três mortes na área central em apenas um mês.