No dia 27 de junho de 2014, o estudante Cesar Marcos Casaroto Filho, 22 anos, encarou o pior dia de sua vida. Seu pai, Cesar Marcos Casaroto, 58, morreu subitamente devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Não bastasse a dor, Cesar teve o sofrimento agravado pela falta de orientação quanto às providências legais e práticas a serem tomadas naquele momento.
- Era um mundo completamente novo para mim. Eu nem tinha assimilado a morte do meu pai e já tinha inúmeras coisas para fazer que atestavam a morte dele. Além disso, não fazia ideia dos custos de um funeral, da burocracia da morte. Vivemos em um mundo capitalista e morremos em um mundo capitalista - ressalta.
Cesar conta que ainda no hospital recebeu algumas orientações, como ir ao cartório pedir uma certidão de óbito. Não sabia, contudo, que para cada cópia do documento havia um preço. Outra surpresa desagradável veio com funeral. O velório e a cremação custaram R$ 12 mil.
- Estávamos fragilizados no momento e queríamos uma cerimônia bonita. Se eu tivesse o conhecimento que tenho hoje, faria algo mais em conta.
Cesar ainda aguarda o processo judicial que inventaria os bens e o dinheiro do pai, então provedor da família. Hoje, as contas da família são pagas pela poupança do filho e pela aposentadoria da mãe, Domenica Maria Favero Casarotto, 69 anos. Como o casal não tinha conta conjunta, o dinheiro ficou retido no banco.
- No momento mais difícil de nossas vidas, meu filho se mostrou uma pessoa forte e centrada e assumiu todos os compromissos. Este apoio foi e continua sendo muito importante - diz ela.
- A morte ainda é tabu, por isso as famílias não debatem o assunto, no receio de que um dia irão partir. Mas isso gera ignorância em relação à burocracia que envolve a morte. Quando você tem o conhecimento disso, o processo se torna mais claro no momento em que você precisa enfrentar a morte de um ente querido - ressalta o rapaz.
Orientações no momento da dor
O assessor da direção do Grupo L. Formolo, Mateus Formolo, 32 anos, explica que o atendimento começa no momento da confirmação da morte de um familiar. Em caso de morte natural (no hospital ou em casa), um médico declara o óbito. Se a morte for violenta, a declaração é emitida pelo médico legista. Neste caso, a liberação do corpo, e da declaração de óbito, pode levar mais de seis horas, pois a lei estabelece que a necropsia seja feita após seis horas da morte, ou com o aparecimento dos livores cadavéricos (quando o corpo permanece deitado de costas o sangue desce, dando aspecto lívido ao cadáver, característico da morte).
Com a declaração em mãos, um familiar de primeiro grau precisa ir ao cartório registrar o falecimento e solicitar a certidão de óbito. A primeira via é gratuita, mas cada cópia custa em torno de R$ 25. Somente em posse do documento é que a família pode encaminhar os serviços funerários, pois o sepultamento só ocorrerá com o documento lavrado. O funeral pode variar entre R$ 1,2 a R$ 30 mil.
- A família escolhe o caixão, a sala do velório, as flores e indica o sacerdote de acordo com a religião. Contatamos o religioso, o cemitério no qual a família tem posse da sepultura e organizamos todos os atos fúnebres e os traslados do corpo - enumera Mateus.
A prefeitura estabeleceu que as funerárias criassem um funeral econômico, de R$ 1,2 mil. Qualquer pessoa pode optar por esse funeral, que conta com caixão, traslados e sepultamento. Só não contempla o velório. Nesses casos, os velórios ocorrem nos bairros, nos salões comunitários ou igrejas.
- Após o sepultamento, passamos algumas orientações às famílias, como encaminhar a transferência de pensão, como proceder em caso de inventariar os bens e outras recomendações - ressalta Mateus.
Morte
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