Fenômeno mostrado pelo Pioneiro desde 2010, a proliferação de plantas em uma das represas do Complexo Dal Bó parece estar fora de controle. Um dos melhores mirantes para comprovar a situação fica na Rua Atílio Andreazza, no bairro Interlagos, no ponto em que ela separa as represas São Pedro e São Paulo. Os mais desavisados podem pensar que na São Paulo não há água, porque em determinados dias a quantidade de plantas "fecha" totalmente o espelho d'água.
A represa São Paulo está tomada de macrófitas aquáticas que, se entrarem em processo de decomposição, podem comprometer a qualidade da água. O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) está monitorando para que a vegetação não passe também para a represa São Miguel, onde a água recebe tratamento e de lá sai para abastecer as torneiras domésticas na região dos bairros Jardim América e Madureira. No entanto, a autarquia diz que não há planos de retirar as plantas, como já fez em outras ocasiões por meio de retroescavadeiras. Ao menos por enquanto. Entende que elas não interferem na qualidade da água.
- Há a possibilidade de fazer o manejo ou deixar assim e monitorar. Optamos por monitorar, porque as plantas não estão invadindo a São Miguel. As macrófitas retiram os nutrientes da água e, assim, diminuem o risco de ocorrência de florações. Mas quando elas entram em decomposição, prejudicam a qualidade da água bruta - diz a engenheira química da Divisão de Água do Samae, Fernanda Spiandorello.
As macrófitas aquáticas não são plantas prejudiciais, e inclusive são usadas em larga escala nos processos de fitoremediação (limpeza da água). No entanto, quando elas surgem em grande quantidade, como na São Paulo, é indício de que represa esteja recebendo quantidade significativa de matéria orgânica originada de residências e indústrias.
- No caso da represa do Dal Bó, o que se pode verificar é um estado avançado de eutrofização artificial da água, causada pelo homem e suas atividades. A interferência humana no represamento dos corpos d´água, a erosão do solo e o aporte de esgotos de origem doméstica e industrial são os principais fatores responsáveis pela eutrofização, e com isso ocorre um desequilíbrio do ambiente aquático - explica Liziane Bertotti Crippa, professora de Biomedicina da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) e de Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia da Serra Gaúcha (FTSG).
Abastecimento
Represa São Paulo, em Caxias do Sul, está tomada por plantas aquáticas
Samae monitora o fenômeno para evitar que as plantas proliferem também no lago da São Miguel
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