A Lei da Poluição Visual, que está completando seis meses em Caxias do Sul e obriga a adequação de fachadas de lojas, não determina outras ações que poderiam colaborar de forma significativa para a diminuição da poluição visual da cidade, como a obrigatoriedade de instalação de cabeamento subterrâneo da rede elétrica e telefônica. É fácil imaginar como ficaria a Avenida Júlio de Castilhos, por exemplo, sem a presença de milhares de metros de fios e de postes e estrutuas que os sustentam. Em Gramado e em Bento Gonçalves, o cabeamento subterrâneo foi realizado nas avenidas Borges de Medeiros e Via Del Vino, respectivamente, e a paisagem urbana se revigorou de forma radical. Em Caxias do Sul, já foram apresentados projetos semelhantes, tanto por parte do Executivo como do Legislativo, mas nenhum foi adiante.
O mais recente, que atualmente tramita na Câmara de Vereadores, é o Projeto de Lei 194/2003, de autoria de Jaison Barbosa (PDT), e dificilmente será aprovado tão cedo devido à ousadia e à magnitude da proposta: tornar obrigatória a colocação subterrânea de todo cabeamento instalado na cidade.
_ É preciso deixar claro que o projeto prevê dez anos para essa adequação. Estou colocando dessa forma para que o projeto seja discutido, porque ele depende de uma parceria forte entre o Poder Público e iniciativa privada, principalmente a RGE (Rio Grande Energia). Precisamos convocar audiências públicas para discutir isso _ diz Barbosa.
Em março, Barbosa entregou o projeto de lei ao diretor presidente da RGE, Ricardo Siufi, que, segundo ele, teria se comprometido a levar para análise técnica. Pela resposta dada ao Pioneiro esta semana, a RGE não parece ter levado a proposta adiante. Através de sua assessoria de imprensa, a concessionária alega não ter sido consultada previamente sobre a viabilidade deste projeto. "É importante contextualizar que a concessão de distribuição de energia elétrica é de responsabilidade, homologação e fiscalização da Federação/União. Não compete aos municípios ou Estados legislar sobre o setor, sendo as iniciativas com este cunho inconstitucionais", diz a empresa.
A concessionária diz que procurará o vereador Jaison Barbosa para "novamente explicar e esclarecer a legislação pertinente ao setor", e que "projetos com estas características serão objeto de estudo e parceria entre empresa e poder público". No texto, Barbosa estabelece como rede ou fiação aérea e subterrânea todos os produtos que utilizam cabeamento para levar ao consumidor os serviços oferecidos por determinadas empresas, entre eles energia elétrica, telefonia fixa, banda larga e TV a cabo. Pela proposta, empresas e concessionárias ficam obrigadas a retirar postes, transformadores e fios elétricos, além de realizar a substituição gradativa da rede de fiação aérea na zona urbana. O projeto prevê ainda que todos os custos para implantação do cabeamento subterrâneo serão de responsabilidade das permissionárias, incluindo os danos provocados nas áreas públicas em razão do enterramento dos cabos.
Paisagem urbana
Cabeamento subterrâneo não é prioridade em Caxias do Sul
Ação que diminuiria a poluição visual não tem projetos aprovados
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