Há meses, guardadores de carro tiram dinheiro de quem já é obrigado a pagar pelas vagas nas áreas Azul e Verde no Centro de Caxias do Sul. A presença de parquímetros e monitores da Rek Parking não coíbe a prática. Obviamente, flanelinhas só temem é repressão policial.
Relatos de moradores e comerciantes e alguns flagrantes do Pioneiro mostram que a cobrança dupla é escancarada em quatro pontos no Centro durante o dia. A ousadia é tanta que alguns flanelinhas danificam parquímetros para impedir a retirada dos tíquetes e forçar o pagamento dos motoristas.
Na tarde de segunda-feira, um homem alto, magro e moreno abordava motoristas que paravam nas vagas demarcadas em pleno horário de funcionamento do estacionamento rotativo na quadra da Rua Borges de Medeiros, entre a Avenida Júlio de Castilhos e a Sinimbu. O homem permaneceu na quadra 30 minutos e fugiu quando um policial militar tentou abordá-lo. Até a semana passada, ele tinha auxílio de outro comparsa.
- O mais impressionante é que um deles ainda agradece quando recebe dinheiro: volte sempre, estou à disposição - conta a dona de salas comerciais.
Na Marquês do Herval, a uma quadra do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp), o zelador de um condomínio assiste as abordagens e confusões da portaria quase todas as noites:
- Às vezes eles estão aqui durante o dia. Tem quem paga, tem quem ignora. À noite dá mais problema porque eles bebem cachaça e ficam até 22h, 23h.
A Praça Dante Alighieri também é palco da extorsão. Nas vagas em frente à Catedral Diocesana, na Sinimbu, os flanelinhas vão e vem conforme a circulação de PMs na área. Diante da câmera de segurança, os guardadores "facilitam" e oferecem moedas para quem só tem cédulas. Pelo apoio, pedem para ficar com o troco e prometem cuidar do veículo. É evidente que nem sempre o serviço é prestado.
Outro método é pegar tíquetes que não foram totalmente ocupados dentro do horário contratado e revender. A repressão contra os flanelinhas é de responsabilidade da Brigada Militar, que só consegue prender os autores se ficar configurado que houve crimes de extorsão ou ameaça.
Entretanto, o flagrante depende da vítima, que raramente demonstra interesse em ir até uma delegacia para registrar a ocorrência por conta de pequenas quantias. Por outro lado, o comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), major Jorge Emerson Ribas, diz que suspeitos são identificados e advertidos diariamente na área dos parquímetros. Esse tipo de ação é paliativa, afinal, os flanelinhas retornam no dia seguinte.
- Temos dificuldade no enquadramento legal, não tem penalidade prevista. Mas entendo que não é dever somente da polícia, é preciso adotar providências em conjunto caso contrário a situação pode se tornar irreversível. Há uma questão social por trás dessas abordagens aos motoristas - reitera Ribas.
