Voluntários que ajudaram a construir o Lar das Meninas, em Bento Gonçalves, estão frustrados com a mudança no tipo de atendimento. Inaugurado há dois anos para acolher crianças e adolescentes vítimas da negligência, violência e outros abusos, a instituição agora oferecerá cursos, contrariando a expectativa da comunidade.
A decepção é tão grande que algumas pessoas que contribuíram com a causa exigiram a devolução das doações. Viabilizada com recursos públicos e da comunidade, a entidade deveria acolher 60 meninas de zero a 18 anos em situação de risco.
Além de permanecer dois anos fechada, a instituição esbarrou em outra exigência: o Ministério Público (MP) se posicionou contra o funcionamento da casa por entender que não há demanda em Bento Gonçalves. O promotor de Justiça Élcio Resmini Meneses sugeriu que a casa fosse transformada em um ponto de oficinas no turno inverso ao da escola.
Essa última alternativa foi acatada pelos atuais administradores do Lar das Meninas, mas desagradou os idealizadores do projeto e gente simpática à proposta inicial. As oficinas começam ainda em abril. A insatisfação tem uma explicação plausível. Hoje, por não ter um serviço especializado em Bento, meninas e meninos retirados das ruas ou de lares desestruturados são encaminhados para um albergue municipal. Lá, são obrigados a conviver com mulheres vítimas de violência doméstica.
A idealizadora e ex-presidente do Associação Beneficente Lar das Meninas, Inês Pompermayer, está mobilizada para tentar reverter a decisão.
- Sugeriram usar o prédio como contra turno escolar, mas Bento tem vários projetos assim. O que precisamos é de uma casa lar - enfatiza Inês.
Leia mais sobre o assunto na edição impressa.
Infância e Juventude
Lar das Meninas muda atendimento e decepciona voluntários, em Bento Gonçalves
Prédio foi inaugurado em 2009 para acolher meninas em situação de risco, mas intenção agora é disponibilizar apenas cursos
GZH faz parte do The Trust Project