Um começo empolgante de quem chegou sem fazer muito barulho ao Alfredo Jaconi. Quando há exato um mês, no dia 12 de maio, o Juventude entrava em campo na estreia da Série B, contra o Luverdense, começava também o casamento entre o gol e o camisa 9 jaconero. Sábado, ele fez o segundo na vitória de 2 a 0 sobre o Boa Esporte, em Varginha (MG).
Nascido em Jataí, Goiás, mas criado no futebol do interior de São Paulo, Tiago Marques tem na fala mansa a tranquilidade de quem é líder invicto e artilheiro isolado da Série B, com quatro gols. O atacante de 1m92cm ainda não se adaptou ao frio da Serra, mas tem no apego da família, que veio junto para Caxias do Sul, a motivação para superar as baixas temperaturas, assim como encara a marcação dos adversários e como enfrentou um problema cardíaco que quase o fez abandonar o futebol.
“Benze Marques” é líder da Série B, e até brinca com o apelido. Fã de Adriano Imperador e Romário, mesmo sem ser velho, segundo brinca o próprio jogador de 29 anos, Tiago tem conquistado cada dia mais o torcedor jaconero com gols e entrega durante as partidas. O Pioneiro conversou com o artilheiro do Juventude depois de mais uma vitória na competição.
Começo na Série B
– Sempre trabalhamos para que as coisas aconteçam. Para que tudo dê certo. E esse começo tem dado tudo certo para o grupo e para mim. Estar ajudando o Juventude, fazendo os gols e conseguindo essas quatro vitórias. O mais importante é o grupo, a união, nossa força. Independentemente de quem joga. Quem entra está sempre dando respaldo para o nosso treinador. Estamos de parabéns pelo início, mas sabemos que o caminho é longo.
Chegada no Juventude
– Quando recebi o convite do vice-presidente (Jones Biglia), meu empresário e eu tínhamos outras propostas. Mas a camisa do Juventude pesou muito na minha vinda para cá. A gente tem que dar continuidade, sequência. É uma camisa que tem um peso enorme e uma torcida que espera muito de nós, sabemos disso. Até por ter ficado tanto tempo fora de uma competição como é a Série B. Então, temos que dar valor e bastante respaldo para esse torcedor. Com os pés no chão e nossa humildade vamos chegar muito longe.
Reconhecimento do trabalho
– É muito bom. A gente tem que sempre ver com bons olhos. É lógico que tem que ter os pés no chão e manter o trabalho com seriedade. Sabemos que futebol é assim. Ainda mais se tratando de atacante em um mercado que está muito difícil de se achar. Eu acho que essas especulações, esse holofote todo é normal. Mas eu, como uma pessoa humilde e simples, trato tudo com naturalidade. Sei que é da profissão. Espero que esse momento, não só meu, mas de toda a equipe, siga até o final da Série B.
Problema cardíaco
– No começo, foi difícil. Estava com 19 para 20 anos, vivendo um momento bom. Daí receber uma notícia de um médico que você não pode jogar é muito ruim. Eu tive pessoas boas do meu lado. Deus colocou pessoas que me ajudaram, apoiaram e acreditaram que um dia eu poderia dar a volta por cima. E pela graça de Deus consegui. Acreditei. Lógico que em alguns momento cheguei a desanimar, mas é normal do ser humano. Acreditei que um dia poderia voltar e graças a Deus voltei. E voltei bem. Tive lesões no joelho duas vezes e continuei de novo. E hoje estou aqui no Juventude. Feliz, contente pelos gols, pelo momento, pela vitória e pelo nosso time.
Gols só no segundo tempo
– É um fato engraçado. Uma coisa diferente. Nunca tinha vivido isso. Mas importante é a vitória estar sempre vindo. Independentemente se for no primeiro ou no segundo tempo. Sempre falamos que cansamos o adversário no primeiro tempo para que no segundo saia os gols. É inexplicável para a gente. Mas importante é sempre estar saindo com as vitórias. Em um campeonato difícil e longo, o importante é estar sempre somando ponto e estamos conseguindo isso, dentro e fora.
Frio de Caxias
– Nossa, essa última semana foi fria demais. Aos poucos, a gente vai se adaptando. Eu nunca tinha ficado tanto tempo em um frio. Mas vamos nos acostumando aos poucos. Espero me adaptar o mais rápido possível.É mais difícil acordar, levantar. Jogar é tranquilo. Quando entra em campo tem o calor da torcida, o jogo em si. Para acordar é brabo. Mas para ganhar o pão de cada dia a gente faz qualquer coisa. Estou com a minha família. Minha esposa e minhas duas filhas maravilhosas. Elas também estão acostumadas só com o calor, mas aos poucos estão se adaptando ao frio. Lógico que elas gostam mais do calorzão, né?
Fazedor de gols
"Somos o patinho feio da Série B", diz centroavante Tiago Marques, goleador do líder Juventude
Aos 29 anos, camisa 9 é o principal destaque do time e já fez quatro gols em seis jogos
Marcelo Rocha
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