A venda dos veículos eletrificados segue em crescimento em Caxias do Sul. Em 2024 foram 596 unidades comercializadas, entre elétricos e híbridos, o que representa uma alta de 70% — em 2023 foram 349 unidades vendidas, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve). Já no Estado, o número saltou de 4,6 mil para 9,1 mil, segundo o Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos (Sincodiv-RS).
Mesmo que o número ainda seja drasticamente menor em relação aos novos e seminovos à combustão — para se ter uma ideia, apenas em Caxias do Sul foram 9,8 mil veículos novos comercializados neste ano —, os proprietários estão satisfeitos e não se imaginam mais fora dos automóveis elétricos.
Um desses casos é o de Ricardo Rancan, 44 anos, que trabalha com transporte executivo e como motorista de aplicativo. Entre 2021 e 2022, com o custo elevado do combustível, Rancan decidiu dar uma chance ao eletrificado após uma conversa com o cunhado, que é engenheiro elétrico. O carro escolhido foi o E-JS1. Praticamente três anos depois da compra, e com um segundo modelo (dessa vez um Dolphin) comprado para a esposa Eloísa, 41, o veredito é claro:
— Eu não me vejo mais fora do elétrico.
O primeiro fator citado por Rancan é a economia com o combustível: antes do elétrico, a média era de R$ 160 por dia. Agora, fica em torno de R$ 25 a R$ 30. Os modelos elétricos também costumam ter garantias longevas para atrair os motoristas. Além disso, o RS isenta o IPVA dos 100% elétricos.
— Então, eu já não tenho IPVA e nem manutenção. Eu consumia de combustível, por mês, entre R$ 4,8 mil e R$ 4,9 mil. Hoje, eu gasto exagerando, com os dois carros, uma média de R$ 700 a R$ 800 dependendo do mês. Mas nunca passou de R$ 800 — calcula o autônomo.
Com mais de 200 mil quilômetros rodados com elétricos, o motorista também vê outros avanços, como na distribuição de carregadores por cidades e estradas. O único ponto que Rancan sente que precisa melhorar é na reposição de peças para manutenção. Houve uma situação em que ele precisou aguardar 26 dias para conseguir o conserto:
— Estamos no suporte, o cara me diz que deu problema hoje. Lá na agência foi diagnosticado que estragou, por exemplo, um parafuso. Só tem em São Paulo. Hoje tu compra num site de varejo uma coisa lá do outro lado do mundo, lá da China, e em 10 dias está aqui. Daqui a São Paulo, de um dia para o outro. Mas, ali, tu leva mais de 20 dias.
Economia maior com energia solar
Dos 596 carros eletrificados comercializados em 2024 em Caxias, os dados da Abve mostram que 250 são elétricos. É também um crescimento em relação a 2023, quando 90 destes automóveis foram vendidos.
O casal Marcos Aurélio da Cruz, 40, e Taciane Bisol, 44, adquiriu dois no ano passado, com uma diferença de 10 meses do primeiro para o segundo. A decisão também partiu de fatores como o preço do combustível, alguns problemas com o último modelo à combustão do casal, a isenção do IPVA para elétricos e as garantias estendidas oferecidas.
Antes, o casal transitava rotineiramente entre Caxias e o Litoral Norte, onde tinha um negócio. O elétrico surgiu como uma forma de economia. Ainda mais que Cruz e Taciane já tinham energia solar em casa. Atualmente, os dois atuam como motoristas de aplicativo com os modelos.
— Praticamente, só conto o nosso ganho porque não tenho custo com abastecimento e tenho energia solar. E a energia solar eu coloquei há uns três anos. Então, já se pagou — destaca Cruz.
O gasto de combustível com o Ônix que o casal tinha era de cerca de R$ 800 por semana. Hoje, o único gasto é do financiamento da energia solar, de R$ 700 por mês.
Dirigindo o elétrico
Atuando diariamente em Caxias, o casal ouve diversos questionamentos sobre os elétricos, como mecânica, recarga e bateria. Cruz e Taciane descrevem que uma pequena diferença foi sentida quando pegaram o primeiro Dolphin. Na hora de dirigir, o torque mais forte é sentido. O casal acredita que isso até foi o motivo da troca mais rápida do primeiro jogo de pneus de um dos carros. Depois de uma adaptação, isso não voltou a ocorrer.
— O torque dele é instantâneo. Então, às vezes, tu quer sair na sinaleira, tu pisa mais forte e sai mais tracionando até pegar o jeito do carro. Eu acredito que o consumo do primeiro jogo foi mais rápido por causa disso — descreve Cruz.
Por outro lado, as pastilhas de freio têm uma vida útil maior, como relata o motorista:
— Acontece que tu usa menos o freio. Exemplo: tu está vindo, vai parar, tira o pé do acelerador, ele dá uma segurada para regeneração da bateria. Aquilo ali te ajuda a frenar o carro. Para parar, tu só vai frear quando está próximo do local.
Pela experiência do casal, a autonomia dos carros é de 400 quilômetros na cidade. Em caso de uma recarga total na bateria do veículo, o máximo que precisaram deixar em casa foi pelo período de oito horas.