
Muita gente precisou se reinventar quando a pandemia começou. E continuou se reinventando ao longo dela. A estilista e designer de Caxias do Sul Niura Ramos é um desses casos. Começou a produzir máscaras protetoras descartáveis e reutilizáveis em março e logo criou novos produtos. Um deles surgiu de um pedido especial de uma amiga.
— Minha mãe tem deficiência auditiva. Tem boa fala, mas precisa fazer a leitura labial para se comunicar. Falei para ela: tu precisa fazer uma máscara transparente — apelou Lúcia Helena Sgorla.
Niura topou o desafio e demorou mais de um mês para chegar a um produto que a convencesse. Foram inúmeros testes até alcançar uma modelagem adequada e funcional. A máscara feita sob encomenda pela amiga tem sido fundamental não só para a comunicação com a mãe, mas no trabalho. Lúcia é pedagoga e dá aulas particulares. Como usa um método chamado de "boquinha", a partir de sons para alfabetizar crianças, a proteção transparente tem ajudado.
— Facilita muito. Além disso, é bem confortável, não fica tão perto da boca, então se respira melhor — avalia.

A máscara está em produção há cerca de dois meses e ganhou o nome de "sorriso". É que, além de proporcionar a inclusão, permite que as pessoas vejam a expressão de quem a utiliza. E tem encontrado um bom número de adeptos, alegra-se Niura.
— As pessoas começaram a se dar conta de que não é só para surdos. Às vezes, tu sorri e a pessoa não tem como ver se tu estiver de máscara convencional — diz a criadora do produto.
Feita do mesmo plástico usado na parte interna de bolsas térmicas, o que garante resistência ao calor e à umidade, e de algodão 200 fios, a máscara transparente deve ser usada somente quando for necessária a leitura labial. Isso porque ela embaça e não é recomendado que se tire para limpar e volte a utilizar logo em seguida. Niura segue trabalhando para melhorar a performance:
— Não vou dizer que não embaça. Embaça um pouco, sim. Mas tu consegue enxergar. Continuo pesquisando como não embaçar.
Opções
Além da transparente, Niura tem outros modelos de máscara. As descartáveis e reutilizáveis foram as primeiras a serem confeccionadas e são as mais comuns. Nos últimos meses, ela criou as opções personalizadas, com estampas divertidas, especialmente para crianças, ou com logomarcas de empresas — Niura utiliza produtos certificados e livres de substâncias tóxicas. A estilista tem também um modelo chamado de origami, com mais espaço para respiração, e os acessórios para cabeça, que evitam desconforto nas orelhas.
A novidade do catálogo agora é a balaclava, uma máscara com gola e capuz, feita em soft e algodão 200 fios, ideal para o inverno da Serra Gaúcha, já que aquece pescoço e cabeça e protege contra o coronavírus.
— Foi uma evolução gradativa, sempre de olho no que o cliente está precisando — destaca Niura.

Preocupação com a saúde
Quando começou a confeccionar as máscaras, Niura firmou uma parceria com a empresa caxiense Esterilimed Esterilizare, que produz itens hospitalares. A união ajudou a estilista a utilizar os materiais certos para a produção dos itens, como polipropileno, que possui várias camadas que filtram o ar.
Fazer um produto adequado, que de fato proteja quem usa, sempre foi a principal preocupação da estilista, que trabalha com moda há 20 anos.
— Me perguntam: "Por que tu não faz de paetê?" Não, não faço, porque é mais que estética, é questão de saúde — frisa.
Compromisso social também faz parte do negócio de Niura, que, para cada máscara vendida, uma é doada.
— Já doei mais de 6 mil. É a minha parte na pandemia, e é muito gratificante poder ajudar — orgulha-se.
MODELOS
Descartável: feita com prolipropileno, mesmo material utilizado para jalecos e campos cirúrgicos. Valores: R$ 2 (unidade) e R$ 15 (pacote com 10).
Reutilizável: feita em algodão 200 fios, tem opções quadrada e anatômica. Valor: R$ 15.
Estampadas: também feita em algodão 200 fios e com produtos certificados para uso em máscaras, livres de substâncias tóxicas. Valor: R$ 18.
Origami: em algodão 200 fios, tem maior espaço para respiração. Acompanha acessório de cabeça para melhor ajuste, evitando que o elástico incomode. Valor: R$ 18.
Transparente: parte em plástico e parte em algodão 200 fios. Permite a leitura labial. Valor: R$ 18.
Balaclava: é uma máscara com gola e capuz, ideal para dias frios. Feita em soft e com algodão 200 fios. Valores: R$ 50 (com capuz) e R$ 25 (sem capuz).
SAIBA MAIS
> A confecção de máscaras de tecido não é inédita na linha de produção da designer.
> Em um projeto desenvolvido com crianças há alguns anos, ensinando os pequenos a costurar, Niura desenvolveu seu primeiro modelo de máscara, feita pelos e para os alunos utilizarem nas aulas de culinária.
> A produção ganhou continuidade quando ela passou a atender ateliês de pintura, com artistas que precisavam de uma proteção ao forte cheiro das tintas utilizadas em obras de arte.
CONTATOS
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