Em busca de apoio para tornar realidade a planta de produção de grafeno na Serra, representantes da UCS estiveram nesta segunda-feira (27) na CIC para apresentar o projeto aos empresários da região. O anúncio dos planos para a produção em escala industrial foi feito durante a reunião-almoço da entidade. Há projeto para construção de uma planta dentro do parque de ciência e tecnologia da universidade. O grafeno é uma das formas do carbono, assim como o diamante, o carvão e o grafite, do qual é oriundo, caracterizando-se pela organização hexagonal dos átomos. A partir da produção em escala industrial, o custo médio de comercialização no mercado internacional tem ficado em torno de 100 dólares o grama.
Na semana passada, a UCS assinou um termo de cooperação com a 2D Materials, empresa com sede em Singapura que detém expertise na produção do material. O convênio permite a contratação e o desenvolvimento de pesquisas, projetos e serviços técnicos e tecnológicos em materiais avançados, especialmente o grafeno. O acordo tem validade de cinco anos.
Conforme o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UCS, Juliano Gimenez, a consultoria firmada com a empresa irá auxiliar a modelar a unidade de negócios. A intenção é trabalhar como uma planta fabricando grafeno para as indústrias locais e de fora.
— Já temos pesquisas em laboratório com grafeno desde 2004, já temos pesquisas em desenvolvimento de produtos tecnológicos, tem patentes que já utilizam grafeno, mas de uns dois anos para cá nós queremos dar uma nova escala a esse posicionamento, de como a UCS vai contribuir com a região para o desenvolvimento desse material — diz.
Com investidores, a unidade fabril pode virar realidade o mais rápido possível. E, com isso, Caxias se tornará destaque mundial. No Brasil, a Universidade Federal de Minas Gerais e o Instituto Mackenzie, em São Paulo, trabalham com esse material.
_ São poucos os players que desenvolvem essa tecnologia e esse produto. Ao produzir uma planta de grafeno aqui, vamos reposicionar (a Serra) e, Deus queira, vamos alavancar a indústria da região com novos produtos, novas aplicações e altíssimo valor agregado _ acrescenta o professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos e Tecnologias Diego Piazza.
SAIBA MAIS SOBRE O GRAFENO
> O grafeno é uma das formas do carbono, assim como o diamante, o carvão e o grafite, do qual é oriundo, caracterizando-se pela organização hexagonal dos átomos. Foi isolado pela primeira vez em 2004, na Inglaterra, pelos cientistas Andre K. Geim e Konstantin S. Novoselov, em uma pesquisa que ganhou o Prêmio Nobel de Física.
> Caracteriza-se por ser um material de elevada transparência, leve, maleável, resistente ao impacto e à flexão, ótimo condutor térmico e elétrico, entre outras propriedades.
> O grafeno é o material mais leve e forte do mundo (200 vezes mais resistente do que o aço), superando até mesmo o diamante. Uma folha de grafeno de 1 metro quadrado pesa 0,0077 grama e é capaz de suportar até 4 kg.
> Também é o material mais fino que existe (da espessura de um átomo, ou 1 milhão de vezes menor que um fio de cabelo).
> Possui, ainda, elevadíssima condutividade elétrica, uma vez que os elétrons se movem através do grafeno praticamente sem nenhuma resistência e aparentemente sem massa.
> Por ser uma tecnologia disruptiva, o grafeno tende a competir com tecnologias existentes e substituir materiais com décadas de uso. Seu uso permitirá desenvolver novos materiais, com alta resistência mecânica, capacidade de transmissão de dados e economia de energia.
> Como material de alta engenharia, destaca-se o emprego em nanotecnologia, na produção de telas e displays LCD e touchscreens de televisores, computadores e celulares, mais resistentes e flexíveis; componentes eletrônicos com altíssima capacidade de armazenamento e processamento de dados; e baterias de recarga instantânea, entre outras aplicações.
Fonte: edição de março e abril da Revista da UCS.