
Lideranças empresariais da Serra Gaúcha estão repudiando a proposta de reajuste da energia elétrica em 19,5%. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou audiência pública para discutir a revisão tarifária periódica da Rio Grande Energia (RGE). A empresa, que é da CPFL, atende a 1,4 milhão de unidades consumidoras localizadas em 255 municípios do Rio Grande do Sul, entre eles Caxias do Sul.
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O aumento médio proposto é de 19,73% para consumidores residenciais. Para usuários de alta tensão, como indústrias, a elevação proposta é de 19,05%. O efeito médio na tarifa de energia a ficaria, portanto, em 19,5%. Uma sessão presencial para discutir o tema será realizada em Caxias do Sul no dia 26 de abril. O reajuste a ser definido entra em vigor em 19 de junho.
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Reomar Slaviero, rejeita a proposta e diz que as empresas não têm como absorver este percentual de reajuste.
— Vai ser um baque na produção. Elas (as empresas) estão tentando pagar as dívidas e se recuperar da crise. A proposta não condiz com a atual situação econômica — salienta.
A mesma posição é compartilhada pelo gerente industrial de uma das empresas de móveis do grupo Bertolini, em Bento Gonçalves, Cristiano Couto.
— Se a proposta for aprovada, vai nos tirar ainda mais a competitividade no mercado.
Na Bertolini, o consumo de energia elétrica representa 5% do custo operacional.
Em Caxias, o diretor da Legran, Derli Silveira, adianta que a empresa não tem como repassar este custo para o consumidor.
— Este (o aumento da luz) é um dos motivos que tira dos empresários a capacidade de investir. O impacto vai ter efeito cascata — reclama.
A economista Maria Carolina Gullo diz que as classes empresarial e consumidora têm que se unir e reivindicar a transparência deste cálculo.
— A energia é um insumo básico da matriz econômica de Caxias. Não dá para aceitar que a responsabilidade de equilibrar as contas da distribuidora seja repassada aos consumidores.
Em junho de 2017, alta foi de 5,84%
Em junho de 2017, a Aneel aprovou o reajuste tarifário anual da área de concessão da RGE em 5,84% para consumidores residenciais, 3,81% para a alta tensão em indústrias e 5,77% para baixa tensão.
Segundo a Aneel, a revisão tarifária deste ano está prevista nos contratos de concessão e tem por objetivo obter o equilíbrio das tarifas com base na remuneração dos investimentos das empresas voltados para a prestação dos serviços de distribuição e a cobertura de despesas efetivamente reconhecidas pela agência.
Tanto a RGE quanto a RGE Sul passarão por revisão tarifária em 2018. A RGE Sul tem data base em 19 de abril e já está com a revisão em andamento. Quando há este processo, não ocorre o tradicional reajuste anual. (Com Giane Guerra/GaúchaZH).