Nem só de uva sobrevive a agricultura de Caxias do Sul. Embora o carro-chefe continue sendo os extensos parreirais, o interior do município surpreende com uma diversidade incrível de frutas.
O distrito de Vila Oliva, localizado a 40 quilômetros do centro da cidade, se destaca pela alta produtividade de hortifrutigranjeiros. Entre os belos cenários das verdejantes plantações está a produção de peras.
Caxias do Sul é o maior produtor da fruta do Rio Grande do Sul. Este ano, vai colher 3 mil toneladas da fruta, segundo dados da Emater Caxias – 70% estão concentrados no distrito.
A quantidade se equipara à do ano passado, pois a falta de horas de frio ocasionou queda de até 30% na produção. A área plantada, no entanto, cresceu 10% e já totaliza cerca de 80 hectares.
Apesar de não ser uma cultura tradicional, a qualidade e as variedades cultivadas ganham cada vez mais espaço no mercado nacional.
Na propriedade de Daniel Zanetti, os pomares estão abarrotados. O agricultor vai colher 400 toneladas nos 10 hectares de área plantada. E as vendas já têm destino garantido: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e RS. Ao contrário da maioria, a colheita será 20% maior do que no ano passado, mesmo com a falta de frio. O produtor trabalha com a cultura há mais de 20 anos. E não pretende parar.
— É fácil de cultivar e rende muito — declara.
A previsão é de faturar entre R$ 1,50 e R$ 1,80 o quilo. Ou seja, a movimentação financeira vai ultrapassar os R$ 600 mil. A variedade Keiffer é a mais cultivada. Por ser mais resistente, é a que apresenta menos quebra. Além disso, produz muito.
Nas propriedades, ainda podem ser encontradas as variedades Le Conte, Ya Li e Rocha (asiática e europeia), mais sensíveis, porém mais doces e suculentas. Nas gôndolas dos mercados, elas ultrapassam os R$ 7.
"É a que mais dá dinheiro", diz produtor
No distrito de Vila Oliva, o produtor José Alves da Silva, 56 anos, também comemora a boa safra. Os pomares exibem frutas de alta qualidade e prontas para serem colhidas. Vai coletar 250 toneladas nos seis hectares de área plantada. Ele também cultiva maçãs, pêssegos, ameixas e caqui. Mas é na produção de peras que ele fatura mais. O preço chega a R$ 3 o quilo, dependendo da variedade. As mais disputadas são as asiática e europeia. Mas a mais popular, a Keiffer, domina as plantações e começa a ser colhida nesta época.
Alves da Silva, a esposa Joaneta Rech, 53, e outros quatro funcionários intensificam as atividades em meio aos pomares. Um trator acoplado facilita a retirada das frutas nos galhos mais altos das pereiras. Até pouco tempo, a colheita era feita com escadas, o que dificultava o processo.
— Precisamos nos adequar para facilitar o trabalho — ressalta Alves da Silva.
Oitenta por cento da safra já têm destino certo: Santa Catarina. Quastionado se a produção de peras é uma boa opção na agricultura, ele garante:
— Dá para viver bem. A pera é menos exigente para produzir e tem demanda garantida.
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