Impactado diretamente pela crise econômica que já dura mais de dois anos, o mercado de trabalho caxiense vem vendo o seu saldo minguar mês a mês. Na comparação com 2013, ano em que a produção e o consumo estavam a todo o vapor, a cidade já perdeu mais de 20 mil postos de trabalho. Naquela época, contabilizamos cerca de 183 mil trabalhadores formais, enquanto atualmente contamos com menos de 162 mil.
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No mês passado, uma nova queda nas contratações ajudou a engrossar o número de postos fechados. Conforme dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 396 oportunidades foram encerradas em setembro. Esse foi o sexto mês neste ano que o mercado de trabalho da cidade registou números negativos.
A indústria de transformação, como já vem acontecendo desde o início da retração, lidera os desligamentos. No mês passado, fechou 100 vagas. No ano, são 3,2 mil, segundo o MTE.
– As demissões no setor metalmecânico, embora ainda existam, estão ocorrendo em nível menor. Em setembro do ano passado, eram mais de 6 mil postos a menos no ano, em 2016 é a metade disso. Isso ocorre porque as empresas chegaram próximas de seu limite de demissões, ou seja, se continuassem demitindo naquela intensidade, colocariam em risco o próprio funcionamento delas – analisa Rogério Gava, consultor de planejamento do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias (Simecs).
Faturamento caiu pela metade – Se o ritmo de demissões vem desacelerando, o mesmo não se pode dizer do desempenho geral. Números do Simecs divulgados também nesta quinta-feira apontam que a estimativa de faturamento do setor para este ano é de R$ 11,5 bilhões, já que a média mensal de 2016 vem girando em torno de R$ 1 bilhão. Entre 2010 e 2013, o volume médio anual era de R$ 23 bilhões, o que mostra que o faturamento caiu pela metade.
– Mesmo depois que a economia começar a melhorar, a indústria ainda vai demorar um pouco para voltar a contratar. Há uma lacuna entre o crescimento e as contratações, já que temos muitas empresas ociosas. Além disso, a crise fez as companhias se reorganizarem, fazer mais com menos. O trabalho de três hoje está sendo feito por um e pode ser que contratem mais um quando melhorar, mas dificilmente volta a três – exemplifica Gava.
Em relação a agosto, o desempenho das empresas metalmecânicas de Caxias caiu 8,46%. No ano, os prejuízos são de 20,74% e, em 12 meses, a queda é de 25,48%.
Mercado de trabalho
Desde o início da crise, mais de 20 mil vagas foram fechadas em Caxias
Número ganha força com dados do último mês, já que 396 postos foram encerrados em setembro
Ana Demoliner
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