A perda do poder aquisitivo dos caxienses, consequência direta da retração econômica, modificou o comportamento dos consumidores que estão em busca do presente ideal para o Dia das Crianças. Brinquedos eletrônicos, que costumavam ocupar lugar de destaque nas vitrines, estão com espaço reduzido nas lojas. Já brinquedos mais antigos, como tabuleiros e quebra-cabeças, reaparecem (agora reformulados) em boa parte das prateleiras e com valores atrativos.
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Além da questão econômica – brinquedos eletrônicos normalmente são mais caros –, os pais e avós também estão buscando fugir de tanta tecnologia para poder interagir mais com os pequenos, percebe Juliana Matte, gerente da Estação dos Brinquedos.
– As famílias estão sentindo falta de atividades que envolvam todo mundo na casa. Então, estamos apostando muito em oferecer opções que priorizem a interação. Também adaptamos tendências antigas para o mundo de hoje, como a toca, que nada mais é do que as casinhas que ficavam no pátio antigamente, mas agora menores. Assim é possível utilizá-las dentro de apartamentos – conta Juliana.
Outra alternativa encontrada pelos consumidores para economizar é fugir de marcas conhecidas. Eduardo Dalpiccoli Toss, gerente comercial da Livraria Rossi, explica que os brinquedos que contam com personagens animados que estão em alta são sempre mais caros devido aos royalties (quantia que é paga pela fabricante para utilizar a imagem nas peças):
– Um quebra-cabeça, por exemplo, pode variar de R$ 24,50 até mais de R$ 60 dependendo qual desenho está na caixa – relata.
Evitar personagens conhecidos, porém, pode ser uma tarefa bem árdua às vezes. Na manhã desta quinta-feira, o motorista Gelson Barrachini, 43 anos, procurava uma boneca Elsa (do filme Frozen) para presentear a filha Sthefany, quatro anos:
– Ela deixou bem claro que quer ganhar essa, até disse "não pode ser a Anna", que também é do Frozen. Fica complicado dar outra coisa depois de um pedido tão específico – avalia Barrachini, que também é pai de Agnes, 10 anos.
Expectativa de "empate" com o ano passado
Na comparação com o Dia das Crianças do ano passado, os lojistas ouvidos pelo Pioneiro apostam em um empate nas vendas, ou seja, nem melhora e nem piora nos resultados. A expectativa é reforçada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias (CDL). Segundo a entidade, a projeção para a data é de empate ou crescimento tímido de até 2%:
– Acreditamos que as vendas devem se intensificar neste final de semana, já que até sexta todas as empresas já terão pago o salário do mês. Os setores diretamente influenciados pela data, como brinquedos e roupas infantis, devem ter acréscimo de 10% a 15% em outubro na comparação com setembro – acredita Ivonei Pioner, presidente eleito da CDL.
Historicamente, lembra Pioner, outubro também é um mês em que o consumidor busca recuperar o crédito para "limpar" o nome para as festas de final de ano. A inadimplência, portanto, tende a diminuir neste mês.