No balcão de uma farmácia no centro de Caxias do Sul, tentando escolher qual a melhor opção de marca de medicamento, a aposentada Helena Girardi, 73 anos, se assustou quando soube da possibilidade de aumento de 12,5% no preço dos remédios. Ela toma diariamente dois tipos de medicamento para a pressão e gasta mais de R$ 100 por mês.
- É uma loucura. Os preços vão de elevador e os salários pela escada - reclama a aposentada.
A também aposentada Sandra Maria Teles de Mello, 66, acha um absurdo o atual valor dos remédios para a pressão que toma diariamente.
- Imagina se subir mais!
A farmacêutica Cristine Schmidt, que atende ao público no balcão, comprova que os clientes reclamam muito.
- Quando falamos em reajuste, eles se apavoram.
A previsão e 12,5%, 2,14% a mais que a inflação, foi anunciada pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). A base de cálculo é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumula alta de 10,36% em 12 meses até fevereiro. Para a Interfarma a perspectiva é que esse índice só seja alterado somente se houver mudanças nos critérios utilizados pelo Ministério da Saúde para o cálculo.
Pesam nessa conta, fatores como a produtividade da indústria, a concorrência no setor farmacêutico e o custo dos insumos. Para as indústrias, as oscilações do câmbio e o aumento expressivo da energia elétrica tiveram grande influência na mudança.
O governo, no entanto, ainda não confirma de quanto será o aumento. O Ministério da Saúde se limita a esclarecer que a regulação é de responsabilidade da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial que define o aumento todo ano. Em 2015, essa câmara fixou em 6% o reajuste médio. Sobre os 12,5% previstos pela Interfarma, o ministério não faz comentário. Ao todo, 19 mil produtos estão sujeitos ao novo reajuste.
Enquanto o índice não for confirmado confira dicas de como economizar nas compras e a quais benefícios você tem direito.
COMO ECONOMIZAR
Gratuitos
Pelo SUS, é possível retirar gratuitamente com receita médica remédios de uso continuado ou alto custo. No próprio local da consulta é possível saber isso, e também lá se retirar os remédios.
Subsídios
O cartaz Aqui Tem Farmácia Popular indica a farmácia onde é possível comprar remédios com até 90% de desconto. O programa é do Ministério da Saúde. Para ter o benefício, leve documento de identidade com foto, CPF e receita médica.
Planos de saúde
As maiores operadores do país oferecem descontos aos beneficiários, uma economia que pode chegar a até 60%. Se você tem plano de saúde, entre em contato e pergunte pelo benefício oferecido.
Laboratórios
Para remédios de uso contínuo, muitos laboratórios têm plano de fidelidade. O paciente compra com desconto e retira em uma farmácia conveniada. O médico já costuma dar essa informação. O site do laboratório na internet também esclarece.
Genéricos
O genérico deve ser, no mínimo, 35% mais barato do que o convencional. Mas opte por laboratórios de confiança e que estejam consolidados no mercado. Seu médico pode lhe indicar os melhores. Há também diferença de preços entre eles.
Comparar
Se não achar nenhum desconto, compare entre as farmácias. A variação de preço entre os medicamentos com necessidade de receita médica chega a 40%. Em um analgésico comum, pode variar 300%.
Melhor comprar
Farmácias em áreas de grande movimento têm descontos mais atraentes por causa da concorrência. As de bairro oferecem a comodidade de estar perto de casa. É preciso avaliar.
Preço baixo
Cuidado com o preço baixo demais. Observe a validade do medicamento na caixa e na cartela. E preveja se a validade cobre o tempo de tratamento.
Seu bolso
Alta nos remédios assusta consumidores de Caxias
Previsão de reajuste da indústria farmacêutica é de 12,5%, a partir de 31 de março
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