Em protesto contra o fechamento do Centro de Cultura Ordovás, e, consequentemente, da exposição "Baixa Colateral Distópica", do artista goiano Rondinelli Linhares, dezenas de artistas e produtores culturais de Caxias do Sul fizeram um abraço simbólico ao espaço, por volta das 18h.
O ato manifestou o repúdio da classe ao fechamento, considerado uma maneira velada de censura após a exposição ter sido alvo de ataques, principalmente devido ao teor erótico de algumas das obras. A prefeitura alega que o motivo para não abrir o Ordovás, pelo menos até o próximo domingo, foram ameaças feitas a servidores.
Apesar da chuva que começou a cair logo após o horário previsto para o início do ato, às 18h, os manifestantes mantiveram o ato. Em um texto elaborado de forma coletiva como uma carta aberta ao poder público de Caxias, lida em voz alta durante o ato pela produtora cultural e MC Pollianna Abreu, o grupo intitulado Amigos e afetos do Centro de Cultura Ordovás pede a pronta reabertura e retomada das atividades no local:
A arte questiona e impulsiona a vida! A diversidade abraça o convívio entre diferentes pensamentos. O Centro Municipal de Cultura Henrique Ordovás Filho é um espaço que simboliza isso tudo. Ele é um dos principais pontos pulsantes da cena artística e cultural de Caxias do Sul. Por isso, quando ele é fechado, ficamos sem um dos espaços mais significativos da cidade. No momento em que são acenados possíveis ataques a este patrimônio histórico caxiense e seus trabalhadores por causa da exposição Baixa Colateral Distópica, aqui abrigada, queremos a proteção deste prédio e das atividades nele programadas. Temos afeto pelo Ordovás, ele é nosso lugar de pertencimento. Por isso desejamos que ele reabra e siga acolhendo a todos com amor e as gentilezas possíveis para o seguirmos em paz! diz a nota.
O ato transcorreu tranquilamente, com a presença da Guarda Municipal.
MP APONTOU QUE NÃO HÁ IRREGULARIDADE COM A EXPOSIÇÃO
O Ministério Público (MP), por meio de nota, informou que a exposição Baixa Colateral Distópica não afronta o direito fundamental à proteção integral de crianças e adolescentes.
O órgão pontua que após "realizar diligências no local, o Ministério Público constatou que a exposição não afronta o direito fundamental à proteção integral de crianças e adolescentes, uma vez que localizada numa sala reservada do Centro de Cultura Ordovás e com indicação etária na porta de acesso, de modo que apenas é permitido o ingresso para maiores de 18 anos de idade".