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Nascido no Uruguai e radicado em Porto Alegre desde o final dos anos 1970, o escultor Mario Cladera considera que as peças em pequeno formato estão para a escultura como os conjuntos de câmara estão para a música clássica. São para serem apreciados em locais menores, por públicos também menores. A coletânea que o uruguaio traz a Caxias do Sul, com 20 peças que variam de 6 cm a 35 cm, são uma amostra desse repertório.
Intitulada "Horto de díspares criaturas", a exposição que inaugura nesta sexta-feira, na Galeria de Artes do Centro de Cultura Ordovás, traz o artista em sua faceta mais próxima ao realismo mágico, ou realismo fantástico, escola literária a qual estão associados nomes como o colombiano Gabriel García Márquez, o argentino Julio Cortázar e o cubano Alejo Carpentier, entre outros. Ao esculpir predominantemente em bronze, Cladera aborda temáticas como a exploração do trabalho pelo capitalismo, o desrespeito com os povos originários e também questões de gênero e sexualidade.
- São temáticas que abordo ao longo de toda a minha carreira sem um início ou um fim, e que refletem o nosso tempo e a nossa sociedade atual - explica o artista, que é curador do Parque Internacional de Esculturas Domadores de Pedra, em Bento Gonçalves.
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Discípulo de Vasco Prado, com quem trabalhou como assistente em seus primeiros anos como morador da capital gaúcha, foi com o mestre que Cladera aprendeu o processo de fundição. Dono de uma carreira sólida, que soma a participação em mais de 200 eventos e dezenas de exposições nas quais já explorou diferentes matérias-primas, como metais, pedra e madeira, ao longo dos últimos anos o uruguaio passou a priorizar em seu atelier o baixo impacto ambiental, além de preferir uma abordagem que considera mais espontânea, especialmente para o trabalho em bronze:
- É um modo de trabalhar em que o processo de criação não fica oculto, uma vez que a obra acabada tem presente em si os rastros e as falhas - comenta.
Além do bronze, outra técnica que pode ser observada na exposição é modelagem em cerâmica na qual o artista utiliza o raku, processo japonês em que as obras ganham um brilho bastante característico, devido ao processo de queima com uso de serragem, dando variações de tom aos esmaltes aplicados na peça.
A abertura de Horto de díspares criaturas, nesta sexta, terá uma visita guiada pelo artista, a partir das 19h. Para interessados em conhecer mais sobre as técnicas de fundição, Cladera também irá ministrar a palestra “A arte do Fogo e do Metal”, com data ainda a ser confirmada pela Unidade de Artes Visuais (UAV) da Secretaria Municipal de Cultura. Para não perder, a inscrição já pode ser feita através da plataforma virtual da UAV.
PROGRAME-SE
O quê: exposição "Horto de díspares criaturas", de Mario Cladera
Quando: 14 de abril a 14 de maio. Visitação: segundas, das 9h às 16h; terças a sextas, das 9h às 22h; finais de semana, das 16h às 22h.
Onde: Galeria de Artes do Centro de Cultura Ordovás;
Quanto: visitação gratuita