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Um novo jeito de fazer turismo irá surgir quando a pandemia passar e as atividades "normalizarem". A tendência em um primeiro momento é de viagens mais curtas, dentro da própria cidade ou em municípios vizinhos. Por sorte, a Serra gaúcha oferece uma infinidade de opções que poderão ser aproveitadas quando tudo isso passar. Destino talvez não tão procurado pelos caxienses é Ivoti, na Rota Romântica. A apenas 62 quilômetros de Caxias do Sul, tem belas paisagens e muita história para contar. As influências alemã e japonesa ficam evidentes ao visitar o Núcleo de Casas Enxaimel, o maior do país, e a Colônia Japonesa, a maior do Rio Grande do Sul.
O município de pouco mais de 22 mil habitantes também se orgulha em ter a única praça do Estado com projeto de remodelação feito pelo paisagista Roberto Burle Marx (reconhecido por obras importantes como o conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, e do parque do Ibirapuera, em São Paulo). Construída em 1979, a Praça Neldo Holler, nome do primeiro prefeito da cidade, ganhou a assinatura de Burle Marx nos anos 1990. A Cidade das Flores, como é conhecida devido ao seu antigo nome, Bom Jardim, e reconhecida oficialmente — uma lei estadual de 2011 dá o título ao município —, é o roteiro perfeito do novo turismo que vem por aí.
Núcleo de Casas Enxaimel
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O bairro Feitoria Nova mais parece cenário de filme, tudo graças à preservação das casas enxaimel originais do período da imigração alemã. O núcleo enxaimel, o maior do país, conserva as moradias construídas com a técnica europeia que consiste em uma edificação com estrutura aparente de madeira — geralmente guajuvira e angico —, fixada por meio de encaixe e pregos de pau, com as paredes preenchidas com barro e pedras.
Nas casas hoje estão instalados os departamentos de Turismo e Cultura e a Casa do Artesão. Também abriga o Museu Claudio Oscar Becker, criado em 1995 para preservar a memória e a história de Ivoti. O acervo é composto por móveis, objetos de decoração e utensílios domésticos utilizados pelas famílias alemãs.
Colônia japonesa na Encosta da Serra
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Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a imigração foi alternativa de reconstrução de vida para muitos japoneses. Um órgão foi criado pelo governo para auxiliar cidadãos que quisessem deixar o país. Muitos escolheram o Brasil e passaram 52 dias em um navio até chegar ao outro lado do planeta. Das famílias japonesas que aqui chegaram, 26 se instalaram em Ivoti, em 1966. Elas se dedicaram à produção agrícola organizados na Cooperativa Hortigranjeira Mista Ivoti Ltda. Plantavam uvas além de hortaliças e outras frutas. No início da década de 1970, foram registradas safras recordes de uva de mesa tipo Itália que em Ivoti são chamadas, veja só, de "uvas japonesas".
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Atualmente, 34 famílias de imigrantes japoneses vivem em Ivoti. A história está preservada em um memorial criado em 2010, no espaço onde funcionou a escola da colônia japonesa, na Rua Sakura, 1.353. O espaço, que tem objetos, documentos e vestimentas, está temporariamente fechado para visitação devido à pandemia. A tradicional feira de gastronomia japonesa, produtos coloniais, artesanato, flores, bonsai e suculentas, que ocorre sempre no último domingo de cada mês, também está suspensa.
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Mais
Pórtico: Inaugurado em 2008, fica na entrada da cidade, no acesso pela BR-116. Foi inspirado na Ponte do Imperador pelo material usado (pedra grês). Os detalhes lembram as casas enxaimel, como a simulação de madeira aparente. Além disso, há um relógio e um galo com uma dos ventos na torre, comuns em moradias alemãs.
Casa Amarela: Construída em 1907, abrigou um entreposto comercial. Hoje faz parte do conjunto histórico do bairro Feitoria Nova e oferece café colonial aos visitantes.
Ponte do Imperador: Localizada sobre o Arroio Feitoria, fica a um quilômetro do centro da cidade. De estilo romano, com três grandes arcos e duas saídas laterais, levou sete anos para ser concluída (de 1857 a 1864). Foi construída em pedra talhada sem utilização de cimento. Tem 148 metros de comprimento e largura que varia de 7,7 metros a 14,2 metros. É patrimônio histórico nacional tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan).
Belvedere: Construído nos anos 1980, oferece vista panorâmica do bairro Feitoria Nova. Junto ao belvedere há uma escadaria de 176 degraus que liga o bairro ao centro.