Há 10 anos — vale dizer, completados há uma semana — o Instituto da Audiovisão de Caxias do Sul (INAV) oferece oportunidades de educação, habilitação e reabilitação de pessoas surdocegas, cegas e com baixa visão. Ao longo deste tempo a meta da entidade sempre foi promover a inclusão, colaborando para a independência de seus usuários, e hoje o espaço conta com um novo aliado: o OrCam My Eye ou simplesmente OrCam. O dispositivo portátil possibilita a compreensão e identificação de objetos por meio de feedback de áudio, descrevendo para o deficiente o que ele não conseguem ver.
— Conseguimos adquirir o aparelho no final do ano passado. O valor do OrCam é elevado, cerca de R$ 18 mil. Agora nossos usuários e a comunidade são convidados a conhecer e testar a ferramenta — afirma a coordenadora da instituição, Fernanda Tonizzo.
O aparelho israelense chegou ao Brasil há cerca de dois anos e tem surpreendido por sua praticidade. Uma pequena câmera é acoplada a um óculos qualquer e com um simples toque do usuário, o objeto — seja ele um livro, jornal, revista, cardápio de restaurante ou folheto — é fotografado, escaneado e transformado em áudio. O bacana é que a ferramenta ainda é capaz de reconhecer rostos, cédulas e com gestos específicos indicar a hora.
— É necessário fazer um treinamento para usar o OrCam, mas depois fica intuitivo. Ele é prático porque não precisa da internet, só que não é um aparelho para usar na rua, já que você precisa apontar para a placa ou fachada para obter a informação e isso não é algo muito preciso, por exemplo. Como usuário, eu diria que é algo para utilizar em casa, na aula ou no ambiente de trabalho — comenta o vice-diretor do INAV, Anildo Dall'Agnol, que durante quinze dias fez uso do aparelho.
Além do OrCam, o Instituto trabalha com outras formas de tecnologias assistiva, como computadores e celulares, que facilitam a integração dos usuários com a comunidade. Hoje, a entidade atende gratuitamente 160 pessoas de todas as idades.
— Já que temos esse aparelho, não queremos que ele fique guardado na gaveta. Cada vez mais a tecnologia tem se tornado importante para promover a independência dos nossos usuários. Isso é uma forma de devolver para eles a autoestima — reforça Fernanda.