As leituras de Erico Verissimo, Machado de Assis e Jorge Amado, entre outras feitas na infância e na adolescência, marcaram fundo na alma de Berenice Pires Prates. Levada por aquelas histórias de outras tempos, a menina de Minas do Butiá (atual Butiá) passou a escrever seus próprios textos, histórias de família e outras tramas em que romanceava a realidade do interior. Os anos se passaram, ela se casou, mudou-se para Caxias do Sul, virou fisioterapeuta, e os escritos foram ficando na gaveta. Agora, aos 48 anos, o sonho de infância vira realidade com a publicação de seu primeiro livro, Contos Campestres (Chiado, 74págs., R$ 30), que tem lançamento nesta quinta-feira, em Caxias do Sul.
A obra, como o próprio nome indica, tem no campo sua ambientação. São dois contos longos, o primeiro quase uma novela (a história ocupa 37 páginas), e o outro mais aparentado da fábula. Não que esses tecnicismos importem: Berenice prefere uma escrita mais livre, que vem da alma e da observação das pessoas.
– O que eu faço é contar histórias – resume.
Leia também:
Leitura ao alcance de todos
3por4: Acordeonista Jéssica Thomé lança livro de partituras
De brinquedo novo: violeiro Valdir Verona apresenta o show Viola de 9 Cordas nesta quinta-feira, em Caxias
3por4: Astro começa nesta quarta, em Flores da Cunha
E embora se diga sem pretensões de atingir um grande público ("o livro não tem um apelo comercial, escrevo para me expressar, porque escrever é arte"), o livro com certeza tem potencial para atingir aqueles que gostam de uma história humana, com pitadas de drama, romance a até um pouco de sensualidade. Em Águas da Sanga, o leitor vai acompanhar a história de Ana de Castilhos, uma descendente de índios casada com um estancieiro que, em meados do Século 20, vê sua vida mudar com a chegada de um médico naturalista italiano e sua frágil esposa.
Já Pequeno Conto do Brejo muda totalmente o tom, com animais falantes vivendo num pequeno reino, uma lagoa, que atravessa uma crise político-social. Meio ambiente, ética, poder e outras questões atuais são discutidos de uma maneira leve, sem ativismos, na voz de personagens como os garotos-rãs Justi e Étics.
Uma curiosidade é que, enquanto a fábula termina com "fim", o primeiro conto tem um "continua" após a última frase. Isso porque, apesar da trama principal estar resolvida, o foco muda no final, trazendo uma nova e importante personagem, cuja história deverá ser contada num próximo livro (que terá, mais uma vez, uma fábula como segundo elemento). Talvez, até mesmo, surja uma saga, como as de Erico, seu autor preferido.
Contos Campestres está sendo lançado pela editora portuguesa Chiado, com circulação também em Portugal, Angola e Cabo Verde.
Agende-se
O quê: lançamento do livro Contos Campestres, de Berenice Pires Prates.
Quando: nesta quinta-feira, às 19h30min.
Onde: na Galeria de Arte Gerd Bornheim, na Casa da Cultura (Rua Dr. Montaury, 1.333), em Caxias do Sul.
O livro: Chiado, 74págs., R$ 30.
Literatura
Berenice Prates lança quinta o livro "Contos Campestres", em Caxias
Obra marca a estreia da fisioterapeuta no universo literário
Maristela Scheuer Deves
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project