As descrições de Willie Walker, também conhecido como Wee Willie Walker, invariavelmente mencionam sua voz potente e marcante, seu timbre incrível. O que normalmente não dizem é que esse cantor norte-americano, que se apresenta nesta terça-feira em Caxias do Sul, no Mississippi Delta Blues Bar, é um senhor simpático, de riso fácil e fala mansa, que encanta mesmo quando está fora do palco.
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Com um boné (às vezes, nos shows, trocado por um chapéu) na cabeça e um pequeno crucifixo pendendo do pescoço, o cantor de 74 anos fala da música e da carreira com a tranquilidade de quem tem o blues na alma:
– É difícil definir meu estilo hoje. Talvez uma combinação de Sam Crook, Ira Tucker (do grupo gospel The Dixie Hummingbirds, dos anos 1970) e Johnnie Taylor, com um pouco de Areta Franklin – tenta explicar.
Um legítimo representantes do deep soul, Walker começou na música na adolescência, nos anos 1950, em grupos de doo-wop – estilo de música vocal muito popular nos Estados Unidos na época –, fazendo harmonizações, como define. Dali partiu para a música gospel, integrando, na década de 1960, o grupo The Redemption Harmonizers, e, na sequência, o Willie & The Bumblebees, de Willie Murphy, com quem gravou singles para a Chess Records, gravadora de nomes como Muddy Waters e Etta James.
Sobre seus anos no gospel, experiência compartilhada com vários outros nomes do blues, Walker não tem dúvidas:
– O gospel criou o blues. Quando se cantava canções religiosas nas plantations (plantações, na época da escravidão), já era o lamento do blues – afirma.
Apesar de se iniciar cedo na música, o cantor passou cerca de três décadas em relativo ostracismo. Lá pelos anos 1970, parou de gravar e de excursionar, e passou a trabalhar em uma empresa, na linha de produção. Não largou a música, porém as apresentações se restringiam a Minneapolis, onde mora, e arredores. Tudo mudou a partir de 2002, quando antigas gravações foram redescobertas por jovens artistas, consagrando-o na Europa e no Japão. Foi o reinício das turnês, agora com uma dimensão bem maior.
No Brasil, em que vem pela terceira vez ("Já era fã da música brasileira, e agora sou do povo brasileiro", diz), serão cerca de 15 apresentações, incluindo shows em São Paulo, Goiânia e Paraty, entre outros. Caxias do Sul é a segunda cidade da lista: a turnê começou sábado aqui mesmo na região, em Vila Flores. No Mississippi, ele toca acompanhado de Igor Prado (guitarra) e Luciano Leães (teclado).
Além das músicas de seu mais recente álbum, If Nothing Ever Changes (que recebeu três indicações ao Blues Music Award 2016, como álbum do ano, álbum de soul blues e artista masculino de soul blues), ele deve trazer um repertório com influências do jazz e do soul. O que o público deve esperar?
– Maybe to cry (talvez chorar) – avisa o cantor, mas logo explode em uma sonora gargalhada.
AGENDE-SE
O que: show de Willie Walker (Minneapolis), acompanhado de Igor Prado e Luciano Leães
Quando: hoje, às 21h30min
Onde: Mississippi Delta Blues Bar (Augusto Pestana, 810), em Caxias
Quanto: R$ 50 e R$ 40 (com Mojo Card)
Informações: (54) 3028.6149
Música
Willie Walker faz show em Caxias
Norte-americano canta no Mississippi Delta Blues Bar, nesta terça
Maristela Scheuer Deves
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