O coronel dos coronéis de Ilhéus, em Gabriela, é uma senhorinha que fala com dificuldade e anda de bengala, mas de fofa não tem nada.
- Dorotéia dá medo nas pessoas. Ela é um coronel que manda matar. Não gosto dessa parte - diz Laura Cardoso, que, aos 84 anos, criou um sotaque para a vilã:
- Ela fala de um jeito estranho, quis deixar a voz dela meio incompreensível.
As maldades da personagem mexeram com a atriz.
- Essa história de mandar matar Sinhazinha (Maitê Proença) me deixou muito abalada - entrega ela.
Mas nem tudo é desgraça na personagem. Laura admite que gosta de ver a matriarca peitar os mandachuvas da cidade:
- Ela enfrenta os coronéis como se fosse homem, inclusive, Ramiro (Antônio Fagundes), o bambambã.
Apesar de toda a sua defesa pela moral e bons costumes de Ilhéus, Dorotéia não parece ter um passado ilibado. Coronel Coriolano (Ary Fontoura) já declarou que ela não era fácil quando jovem.
- Ela deve ter sofrido muito para ficar amargurada assim - justifica Laura.
A atuação de Laura espanta até as filhas Fernanda, 46 anos, e Fátima, 52, e o bisneto, Fernando, 12.
- Eles amam meu trabalho, só não entendem como consigo ser tão ruim - conta a atriz.
Contratada da Globo, Laura não pensa em parar.
- Gravo quase todos os dias. Não gosto de ficar em casa, sou rueira. Decoro bem. Durmo lendo meus textos. Quando a gente morre é que se aposenta - afirma a veterana.
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