
A trajetória da família Pasetti está diretamente atrelada a uma das primeiras padarias instaladas em Caxias do Sul, ainda em finais do século 19. Funcionando na principal via do município, a Rua Grande (posteriormente Silveira Martins e Av. Júlio de Castilhos), a fábrica fundada pelos imigrante italiano Vitorio Pasetti e sua esposa Adelaide logo notabilizou-se pela produção de massas, pães, doces, biscoitos e os mais variados quitutes.
Neto de Vitorio e Adelaide - e filho de Nina Pasetti Marcucci e do ex-prefeito Dante Marcucci -, o advogado Remo Marcucci destacou os primórdios da confeitaria em uma crônica publicada no Pioneiro de 8 de outubro de 1991, dois anos antes de falecer, em 1993. Confira:
“Não posso afirmar categoricamente, mas creio que a primeira padaria de Caxias do Sul foi a de Vitorio Pasetti, no fim do século passado (século 19). Estava localizada onde hoje fica o Bar Treze, no Edifício Adelaide, nome da esposa do Sr. Vitorio Pasetti. Fabricavam pão, massas, doces e biscoitos. O velho Vitorio, doente, resolveu ir à Itália para tratar-se.
Infelizmente nada surtiu efeito, e lá faleceu e foi enterrado. Aqui ficou dona Adelaide e os filhos menores, dez! Lutando com dificuldades de toda ordem, levou adiante o estabelecimento e criou sua prole, ficando o mais velho, Ernesto, rapazinho então, com o encargo do fabrico do pão, massas, doces e biscoitos. As massas passavam por um processo de secagem e eram apresentadas em pacotes cilíndricos de meio quilo.
Spaghetti, bigoli, tagliarini, em grande variedade. A massa era vendida em toda a região, inclusive Porto Alegre. Me lembro, especialmente, dos biscoitos e doces. Eram magníficos. Ernesto, mais que um doceiro, era um artista. Fazia tudo com carinho e esmero. Mil-folhas, canudos, quindins, bombas, biscoitos de araruta e tantos outros povoaram a minha infância.
Dona Adelaide, quando no balcão, ao atender uma criança que chegava para comprar pão ou massas, sempre obsequiava o cliente mirim com um biscoitinho. É, os anos passam e a gente vai lembrando. Caxias era pequenininha. A Júlio de hoje naquele tempo era conhecida como a Rua Grande, onde, próximo à padaria, situavam-se a Loja de Calçados Fasolo, o estabelecimento comercial de Fioravante Zatti, a casa dos Bonotto, que trabalhavam com vime, e o Banco da Província.
Dona Adelaide casou as filhas - e um de seus netos, agora, lembra com saudades da querida nona e suas doçuras. (Remo Marcucci, jornal Pioneiro, 8 de outubro de 1991).

PRIMÓRDIOS
Na imagem acima, uma rara foto da então Fábrica de Massas e Confeitaria Pasetti, datada de 1917. Da direita para esquerda estão Victorio Pasetti e Adelaide Pasetti (pais), Humberto (Neni), Ivo, Italo, Adelina, Angelina (Brandt), Alice (Murattori), Clelia (Pezzi), Caetana (Nina,Marcucci), Vicente (sobrinho) e Maria (Rossi).
Abaixo, dois anúncios da confeitaria garimpados em jornais da primeira metade do século 20.


FALECIMENTO
Adelaide nasceu em 1873, na Itália, e morreu em 1954, em Caxias. Na imagem que abre a matéria, a fachada da Casa Pasetti (ao fundo), captada em 1940, durante um jogo de vôlei na lendária quadra esportiva do Grêmio Atlético Eberle - localizada da Júlio, entre a Borges de Medeiros e a Alfredo Chaves - quase em frente à fábrica de delícias...