Nessa semana, fiz uma massagem terapêutica que me deixou dolorida e cheia de hematomas e marquei uma sessão para (re) fazer meu mapa astral. A primeira, para dar um jeito na musculatura, que estava bastante tensionada graças à minha rotina caseira. A segunda, para buscar alguma explicação cósmica sobre esse momento tão insólito. No meio disso tudo, apareceram acontecimentos ruins e algumas pequenas decepções. Mas também teve carinho e acolhimento, gente com vontade de matar as saudades, oportunidades de elogiar e fazer coisas boas para alguém. Ou de aprender com seres de luz tipo a tia Tere, que dá lições de força e alto astral mesmo em meio a uma notícia difícil. Inspiração pura.
Ou seja, esse fragmento do tempo/espaço dimensiona um pouco sobre altos e baixos, tentativa e erro, caminhada e como é a nossa percepção que torna tudo mais suportável, na pior das hipóteses.
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Somos multifacetados, é fato, mas creio que somos essencialmente bons. Li recentemente um artigo que fazia referência a um costume ancestral interessantíssimo de uma tribo sul-africana. Dizia que, quando um membro da tribo erra, comete algum engano ou prejudica alguém, ele não é "cancelado" (sem paciência para essa nova modalidade do hipermodernismo nas redes). Ele é colocado no centro de uma roda na comunidade e, durante 48 horas, todos os integrantes relembram seus feitos e falam para ele tudo de bom que ele fez, dizendo "sawabona".
A palavra significa "eu te respeito e te valorizo, és importante para mim". Achei fantástico! A pessoa que errou dá, como resposta, "shikoba", "então eu existo para ti". E o perdão, genuíno, acontece. A empatia é a forma escolhida para lembrar quem a pessoa é e toda a potencialidade que ela tem. Fiquei pensando em quanto não fazemos isso, na falta que uma empatia verdadeira faz no mundo.
No mesmo dia complexo, João conseguiu iluminar minha rotina ao enviar o texto O tempo e as jabuticabas, do Ruben Alves: “quero viver ao lado de gente humana, muito humana;/ que sabe rir de seus tropeços…/ não se encanta com triunfos…/ não se considera eleita antes da hora…/ não foge de sua mortalidade.../ Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade…”. Disse que sabia que eu gostaria de receber.
E aí pouca coisa é mais especial: seja um amigo que manda boa energia ou que vai no super e liga para saber se preciso de algo. Ou uma menina que manda um áudio emocionada para agradecer um ato despretensioso de solidariedade. Ou alguém que topa embarcar em um projeto, sem precisar de muita explicação.
Demonstrar a importância do outro na nossa vida, com empatia e verdade: tem coisa mais linda?