Allah-lá-ô, não me leve a mal, é Carnaval. Adoro a vibe e a ideia de alguém se divertir até cansar. É tão diferente dos outros dias do ano, né? Mas uma das lições mais difíceis de entender é de só temos, de fato, aquilo que guardamos na memória. É só aí que as coisas nos pertencem.
Vejam bem, sequer possuímos nosso tempo - e não estou me referindo à aquele do tic-tac do relógio, mas à uma forma figurada da nossa trajetória. Vivemos como se fôssemos imortais, é fato. Desdenhamos quase sempre a imprevisibilidade da vida. Essa mesma vida que vai acontecendo enquanto estamos planejando a forma certa de vivê-la. Os projetos para o futuro, as metas, as próximas etapas... Tudo desejado e desenhado, bem perfeitinho.
Até sou daquelas que acredita que pensamento atrai energia (boa ou ruim, de acordo com o que desejarmos). Só que essa ação não é imediata. Então, o que estamos fazendo pelo hoje? É complicado admitir, eu sei, só temos o presente para experimentar. O aqui e o agora. Como na festa do Momo. É onde podemos mudar o que nos incomoda, vivenciar experiências incríveis, perdoar, ser feliz. Fazer alguém feliz. Escolher como vai ser a refeição imediata.
Meu pai adora cozinhar e costuma preparar o jantar diariamente. E, todos os dias, ele vai ao super para comprar aquilo que tem vontade de preparar. Um dia de cada vez. Uma intenção por refeição. Eis um bom jeito de fazer as coisas.
É uma forma de simplificar o que é mais complicado: escolher um motivo por dia e estar pleno nele. Como se estivéssemos sempre de férias, em estado de encantamento, de observação dos detalhes. Ou no Carnaval, só que sem deixar para "voltar ao normal" na Quarta-feira de Cinzas.
Nosso tempo é agora. O hoje - e o que fizermos dele - é tudo o que teremos amanhã.