Recém havia chegado à uma das cerca de 200 estações do metrô de Moscou com uma mala relativamente pesada. Passava da meia-noite e já na primeira tentativa de subir uma escada um senhor se aproximou e se ofereceu para carregar minha bagagem até o fim da escadaria. Tentei hesitar, mas ele foi rápido o suficiente para me ignorar. Não entendia uma palavra do que ele falava - tudo o que compreendi foi que ele era ucraniano e falava russo com um sotaque diferente. Disse a ele que eu era brasileira e ele também compreendeu. O mais interessante é que ele fez questão de me acompanhar por todo trajeto, para ter certeza que eu pegaria o trem certo - mesmo eu tentando explicar que, àquela altura, já havia me acostumado a ler o mapa e a acertar as estações. Mas ele seguia, convicto. Lá pelas tantas, comecei a desconfiar da boa vontade desse senhor. Não podia apenas estar querendo ser gentil.
Opinião
Tríssia Ordovás Sartori: Bagagem Nova
Passava da meia-noite e já na primeira tentativa de subir uma escada um senhor se aproximou e se ofereceu para carregar minha bagagem até o fim da escadaria
Tríssia Ordovás Sartori
Enviar email