Não sei se já tinha presenciado um momento de catarse tão incrível quanto experimentei no show do Paul McCartney, em Porto Alegre, há uma semana. Se já presenciei, não lembro.
É difícil até escolher um momento mais especial: estar a poucos metros de um dos fab four, ouvir clássicos da vida interpretados ao vivo, ver o Beira-Rio ser iluminado por lanternas de celular ou observar a expressão de felicidade das pessoas. Melhor do que isso, só dividir o momento com alguém especial, que vai ajudar a recordar das sensações provocadas por esse show durante muito, muito tempo.
Nas quase três horas de espetáculo, o artista foi capaz de extasiar a plateia ininterruptamente. Era só olhar para os rostos e perceber olhos marejados, sorrisos, empolgação. Foram 180 minutos de felicidade plena e compartilhada com uma multidão.
Um baita privilégio. Porque a felicidade, segundo pesquisadores - num estudo desenvolvido em 80 países com 2 milhões de pessoas -, ocorre em uma curva, durante a nossa existência. Uma curva em U, onde pessoas entre 40 e 50 anos são as menos felizes, possivelmente pela pressão que ainda sofrem e não conseguem se desvencilhar. Não é um fato a ser comemorado, então, ter instantes de felicidade, durante o período mais turbulento? Não seria perfeito conseguir levar a tranquilidade da juventude e da maturidade para os pequenos eventos cotidianos? Não parece fundamental se permitir viver com intensidade, mudando o ritmo da noite, da semana, do mês, da vida?
Ok, não teremos sempre Paul McCartney, sequer consigo imaginar um músico que me mobilize daqui a 30 anos para cantar e dançar e curtir e não querer que o momento acabe. Na dúvida, guardo a sensação de felicidade plena na memória, pra evocá-la quando ela ousar desaparecer. Treinemos, pois.