Hoje é papo de boteco. Esqueçam o formalismo que um espaço como esse exige.
Semanalmente, menos nas férias (que são sempre poucas), compartilho com vocês um pouco do meu olhar curioso sobre a vida. Por vezes, são recortes ácidos de uma áspera realidade. Noutras, deixo escapar aqui e ali um olhar bobo e ingênuo (por vezes percebido como “poético”). E a isso tudo, com o foco ajustado no cotidiano banal, alguns chamam essas trôpegas linhas de crônica. Enfim...
Poderia falar sobre o Caetano. Poderia dizer como ele é “divino e maravilhoso”. Ou ainda, como ele é um pé no saco. Dizem, o amor é uma irresistível atração entre os opostos. Será? O que diria Nelson Rodrigues sobre um relacionamento entre um esquerdista e um direitista? Bolsonaro e Lula, abraçados, de mãos dadas por um Brasil melhor. Pode isso, Arnaldo? Só se fosse com trilha sonora do Tom Zé, que, dizem é — e sempre será —, maior do que o Caetano.
Voa Brasil! E com trilha dos velhos, sempre Novos Baianos: “O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada”. Eu disse que era papo de boteco. Banalidades, boa música, trago e petiscos.
— Luci, diz pro Je fazer aquela caipira no capricho.
— De vodka ou cachaça?
— Diz pra fazer como se fosse pra ele beber.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, Trump e Musk, focados no mesmo negócio, trocam olhares e elogios em rede nacional.
— Uma das principais funções da equipe do Departamento de Eficiência Governamental é garantir que as ordens executivas presidenciais sejam cumpridas — disse Musk (concedendo entrevista ao lado do chefe, o presidente Trump), como se estivesse no programa O Aprendiz.
O negócio é botar a firma de pé e tornar a América grande novamente. Implacáveis, miram nesse objetivo com invejável devoção, santificando o chão por onde pisam, sem tirar do lugar um fio só de cabelo de preocupação. Eu que sou careca invejo suas cabeleiras. Só que esse negócio de usar boné vermelho bagunçou o coreto.
Aqui, na Terra Brasilis, o vermelho sempre foi a cor do petê, dos sem-terra e dos comunistas. Agora, o vermelho é a cor do boné de quem vê em Trump o Salvador do Mundo. Opostos que se atraem. Seria amor? No fim e ao cabo, como escrevera o Nelsinho, “pouco amor não é amor”.
Nessa terra do “era uma vez”, tem sempre lugar pra mais um à mesa. Lembrando que nem o boné estraga o penteado do Lula e do Bolsonaro. Agora fui, porque depois de um hiato dos meus afazeres tenho de voltar ao trabalho.
Até quinta-feira que vem.
Voa grená!