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“A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz.” Essa percepção filosófica de Le Corbusier (1887-1965) sobre a profissão sempre esteve presente na jornada de Isadora Franco Comunello. Caxiense, se formou em Arquitetura e Urbanismo pela PUCRS e realizou uma pós-graduação em design de iluminação na Nuova Accademia di Belle Arti, em Milão. Ao retornar à terra natal, Isadora segue atuante e guiada pelo compromisso de transformar espaços em experiências sensoriais.
Desde a infância, ela aprendeu a valorizar a arte e a criatividade. Filha da designer Simone Franco e do empresário Fernando Comunello, cresceu em um ambiente onde a moda e a gastronomia sempre foram expressões autênticas de identidade. A influência de seus pais, somada às viagens que realizavam juntos em busca de inspiração, despertou nela uma atenta observadora das atmosferas que a arquitetura pode criar e recriar. Sua melhor memória remete às tardes na casa de campo da família, onde o encontro de gerações sob a sombra das árvores e o clima acolhedor da tradição italiana a marcaram profundamente. — Esses momentos me ensinaram a importância da convivência e da valorização de atos singelos. Até hoje, quando projeto um espaço, penso na sensação que ele proporcionará às pessoas que habitarão nele — compartilha.
Com uma carreira pautada pela sofisticação e pela funcionalidade, Isadora define seu estilo arquitetônico como contemporâneo. — Meu compromisso é tornar realidade lugares que se integrem com a natureza e sejam autênticos. A arquitetura deve emocionar e contar histórias — afirma. Entre os desafios, destaca o projeto da Casa Sambaqui, um retrofit de uma residência à beira-mar em Florianópolis. — Foi um aprendizado e tanto, me mostrou a importância de respeitar o tempo e os materiais.
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A tecnologia ocupa um papel essencial em sua rotina. Isadora utiliza diversas ferramentas digitais para otimizar processos criativos e executivos, garantindo precisão e flexibilidade. — Posso estar em qualquer lugar do mundo e continuar criando com a mesma eficiência — relata. Em seu entendimento, o equilíbrio entre estética e funcionalidade assegura que cada ambiente atenda ao seu propósito.
A vocação pela arquitetura se reflete também em sua relação com o aprendizado e a experiência. Leitora ávida e viajante curiosa, Isadora busca referências em diferentes culturas e estilos de vida. Brasil e Itália são suas principais fontes: o primeiro, pela riqueza climática e arquitetônica que traduz a essência tropical; o segundo, pela tradição e pelo refinamento que moldaram sua visão estética. Durante sua temporada na Europa, onde realizou uma especialização, teve a oportunidade de mergulhar neste universo e lançar sua própria linha de produtos. — A luz tem um impacto profundo no nosso humor. Compreender isso transformou minha forma de projetar — revela.
Quando questionada sobre o papel da arquitetura no bem-estar mental, Isadora enfatiza a importância da neuroarquitetura, um campo de estudo que investiga como os espaços influenciam as emoções. — Projetar ambientes vai além da estética. Cada detalhe tem um impacto emocional. A arquitetura precisa acolher — destaca.
Isadora não perde de vista a essência da arquitetura vernacular, acreditando que a construção deve sempre respeitar o contexto local e valorizar os materiais regionais. Seus projetos frequentemente incorporam elementos como madeira maciça, mármores brasileiros e pedra moledo, que, além de atemporais, conferem originalidade e personalidade. — O Brasil tem uma riqueza natural extraordinária, e trazer essa identidade para os projetos é essencial — enfatiza.
Se pudesse projetar qualquer estrutura sem restrições, Isadora sonharia com um hotel boutique no litoral brasileiro, onde tradição e inovação se fundiriam em um espaço sustentável e icônico. — Seria um projeto no qual a natureza fosse protagonista, com uma arquitetura que respeitasse a paisagem e proporcionasse experiências sensoriais únicas — imagina. Com essa visão, segue guiada pela paixão à arquitetura e a busca incessante por novos desafios e descobertas.
No layout de Isadora:
- 7 coisas que se deve saber antes de tornar-se um arquiteto: 1. A profissão é, além de um trabalho, um estilo de vida; 2. Criação necessita de calma; 3. Estude além do currículo da universidade; 4. Viva cada nova experiência, sinta o lugar e conecte-se aos espaços visitados; 5. Precisamos errar para aprender; 6. Inspire-se, mas não copie; 7. A arquitetura é a fusão de várias áreas; precisamos criar com inteligência para garantir uma boa execução.
- Um objeto de desejo: Poltrona Mole, de Sérgio Rodrigues
- Uma paixão além da arquitetura: conhecer novos países, sonho com a Tailândia e a Arábia Saudita.
- Um aprendizado valioso: quando colocamos a nossa alma no negócio, a vida conduz a trajetória.
- Meu lugar preferido em casa: sala de estar para relaxar e renovar as energias.