Em um mundo em constante transformação, no qual a tecnologia e as novas metodologias de ensino são exigências diárias, ser professor é uma missão que vai além da rotina enfrentada no ensino tradicional. Para o mestre Maximiliano Dantas, que há mais de duas décadas se dedica à educação, o Dia do Professor, celebrado na próxima terça-feira, 15, torna-se uma oportunidade para refletir sobre o papel edificante da docência e as constantes reinvenções que a profissão demanda.
Nascido caxiense, sob a égide do signo de sagitário, Max, como é conhecido por uma legião de pupilos, sempre esteve intrinsecamente ligado à construção intelectual da cidade, mesmo tendo um passaporte carimbado em conexões pelos quatro pontos cardeais e vivido em diversas estâncias do mundo.
— Minha família é o que mais me conecta a Caxias. Já viajei por esse mundão todo, morei em vários lugares, mas sempre retornei para as minhas raízes — conta ele, com um sorriso de felicidade ao lembrar da vida ao lado dos pais, Douglas Dantas (in memoriam) e Eliana Dantas, seus grandes apoiadores.
Maximiliano contabiliza em seu currículo uma expressiva passagem artística pelo ballet de Dora Resende Fabião. Atualmente, é instrutor de danças na escola Carla Barcellos, em Caxias do Sul, e até conquistou registro profissional em São Paulo, no ano de 2001. Contudo, sua paixão pela educação e pela sala de aula surgiu durante o pré-vestibular, quando assistiu a um período que mudaria o rumo de sua vida.
— Foi numa aula de História, em 1998, que encontrei a minha “praia” — revela — O professor Luís Fernando Mazzochi, o Nandi (in memoriam), com sua energia contagiante, fez a atmosfera da sala se elevar. Ele foi uma inspiração legítima. Sua disciplina parecia uma viagem no tempo. Uma experiência sensacional e, a partir de então, descobri que aquele era o universo em que eu desejava fazer parte.
Ainda que a paixão de Maximiliano pela educação tenha sido à primeira vista, o caminho para se firmar como professor não foi um trajeto fácil.
— O início foi desafiador — admite — Entreguei currículos em todas as escolas da cidade mas, com a falta de experiência, foi difícil me inserir no mercado.
Essa determinação em buscar novas oportunidades e aprender a cada passo é o que ele acredita ser o segredo do sucesso na docência.
— Avalio minha formação de forma positiva, mas reconheço que, com as constantes mudanças nas demandas do ensino, é importante continuar aprendendo e me atualizando — complementa.
Além de professor, Maximiliano também é um empresário de sucesso. Depois da pandemia, ele precisou se reinventar e criou a MD Soluções Pedagógicas, um projeto que rapidamente tornou-se o maior hub de recursos pedagógicos para professores do Brasil.
— No começo, era só uma renda extra. Mas, com o passar do tempo, percebi que tinha um grande negócio nas mãos — reflete, orgulhoso das conquistas. As plataformas que desenvolveu oferecem materiais autorais, alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e impactam diretamente o cotidiano dos docentes, levando praticidade e inovação para dentro da sala de aula.
— Os professores sempre me dizem: “Obrigado, os alunos estão encantados com as minhas aulas” — conta com satisfação.
No entanto, para Maximiliano, o papel do professor vai muito além das ferramentas e dos recursos digitais.
— A tecnologia é um elemento facilitador para os professores, mas a escolha dos temas e a forma de abordagem sempre serão elaboradas pelo professor — pondera — O professor é a peça-chave. A tecnologia nunca substituirá o impacto humano e a empatia necessários para se criar uma conexão profunda com os alunos.
Maximiliano acredita que a valorização do professor no Brasil ainda está muito aquém do que deveria ser.
— O governo falha em investir adequadamente no ensino, deixando os professores sobrecarregados e desamparados — diz. Para ele, é fundamental que a sociedade, além do poder público, passe a valorizar mais o papel dos educadores, oferecendo reconhecimento e apoio.
Com uma carreira que abrange a educação e o empreendedorismo, Max analisa o futuro do conhecimento com otimismo, embora reconheça os inúmeros desafios.
— O uso crescente da ferramenta tecnológica em sala de aula é estimulante. Os professores precisam se capacitar continuamente para utilizar esse mecanismo de forma eficaz — alerta — Apesar das complexidades, a educação prossegue tendo um papel central em moldar o futuro do país.
Ao olhar para trás e refletir sobre sua história, Maximiliano tem um conselho para os professores que estão iniciando suas carreiras:
— Não esmoreçam sob nenhum percalço, porque o mundo tentará te dissuadir — afirma com convicção — Estudem, aprendam e acreditem na transformação que o trabalho pode fazer.
No Dia do Professor, Max celebra a força e a resiliência de todos aqueles que, assim como ele, dedicam suas vidas à nobre missão de ensinar e trocar experiências.
— O bom da vida — diz ele — é a capacidade que temos de nos reinventarmos, aprendermos coisas novas, começarmos novas vidas e, se possível, entregarmos um mundo melhor.
Na ponta do lápis
- Um momento que me orgulho: quando recebi o prêmio Black Belt da Eduzz esse ano. A coroação de muito trabalho.
- Livro de cabeceira: 1000 lugares para conhecer antes de morrer, de Patricia Schultz.
- Se pudesse viver uma aventura inesquecível, seria... escalar o Monte Everest.
- Gostaria de ter sabido antes… conhecimento nunca é demais.
- Um sonho... abrir meu próprio restaurante.
- Meu lugar favorito é... minha casa, de preferência cozinhando para as minhas pessoas.
- Na sala de aula não pode faltar: energia, empatia e diversão.