Duas semanas após o segundo turno e seu resultado, o presidente Jair Bolsonaro segue em seu recolhimento. Não tem participado de agendas públicas nem no célebre cercadinho do Palácio da Alvorada. Suas rápidas aparições limitaram-se a dois momentos: ao reconhecer, sem dizer que reconhecia, o resultado da eleição, na terça-feira posterior ao pleito, e dois dias depois, quando gravou um vídeo em que pedia aos manifestantes para não bloquearem rodovias. No dia em que fez um rápido pronunciamento no Alvorada, também foi ao encontro de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Enquanto Bolsonaro se recolhe, os manifestantes persistem nas ruas. Em Caxias, como em outras cidades, estão na frente do quartel. Nas rodovias, ficaram alguns QGs de manifestantes, mas agora sem bloqueio das vias. A questão posta é até quando os manifestantes permanecerão acampados. Notas consecutivas das Forças Armadas trataram de incentivá-los a seguir em frente. Na quarta-feira, quando surgiu o relatório das Forças Armadas sobre a fiscalização do processo de votação, enviado pelo Ministério da Defesa ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aquilo foi um balde de água fria nos manifestantes, que expressaram frustração em redes sociais por terem "tomado chuva" em vão em atos e acampamentos. A síntese do relatório foi de que não havia fraudes e que o resultado dos boletins de urna batiam com os números do TSE. No dia seguinte, porém, uma nota do Ministério da Defesa tratou de reverter a impressão, dizendo que, se não haviam sido encontrados indícios, a ocorrência de fraude não estava descartada, oferecendo um estímulo à persistência dos manifestantes.
Por fim, nesta sexta-feira, outra nota, assinada pelos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, é mais explícita, ao reconhecer as manifestações como legítimas e orientando que "são condenáveis eventuais restrições a direitos por meio de agentes públicos", em especial relacionadas (as restrições) à livre manifestação. A senha foi dada. Neste contexto, as manifestações contra os resultados das urnas vão prosseguir mais um pouco. Até quando, não se sabe. O que se pode dizer é que prosseguirão até quando haja combustível político para elas. Combustível como no caso das notas do Ministério da Defesa e das Forças Armadas.
Com qual objetivo?
Enquanto isso, avançam as etapas democráticas até a posse do futuro governo, que incluem a transição, em pleno andamento. Ocorre que as sucessivas notas do Ministério da Defesa e das Forças Armadas, ao enfatizar que não se descarta fraude nas urnas, embora não haja indícios, emitem sinais de que as manifestações devem prosseguir. A pergunta é: prosseguir até quando, e com qual objetivo? Seria a mera livre manifestação? Porém, os manifestantes seguem à espera de alguma medida que reverta o resultado das urnas. E reclamam quando ficam frustrados.
Momento crucial
Este está se evidenciando um momento crucial para o rumo das manifestações contra os resultados das urnas. Para seguirem em frente, será preciso que estes atos sejam alimentados com evidências robustas contra o processo eleitoral que justifiquem alguma iniciativa capaz de contentar os manifestantes. No entanto, o próprio relatório das Forças Armadas ao TSE já disse que não encontrou indícios de fraude. Então, parece não haver evidências robustas.
Faixas em inglês
Na entrada do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe), os manifestantes prosseguem acampados. As faixas estampam a motivação e expressão o protesto contra o resultado das urnas: "Não concordamos com essa eleição fraudulenta." Os dizeres estão traduzidos em inglês - "We don't agree with this fraudulent election" - para obter divulgação também no Exterior, como na faixa da foto.
Prêmios para a entrega de títulos de propriedade
O programa Esse Terreno é Meu, da Secretaria de Urbanismo, recebeu o Prêmio 21 de Agosto, do Instituto Habita, com apoio da ONU Habitat, durante o 4° Congresso Brasileiro de Habitação Social e Agentes Públicos de Habitação, em Foz do Iguaçu (PR). É um reconhecimento ao programa de regularização fundiária, principal realização do Governo Adiló até agora. O 21 de Agosto é uma distinção que se refere a soluções habitacionais para conjuntos já construídos e ocupados. E, nesta sexta-feira, em Maceió, o programa recebeu outra distinção: o 1° Prêmio Selo Verde Internacional Ações Sustentáveis, promovido pela Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente. A entrega ocorreu durante o II Fórum Internacional de Cidades Sustentáveis.
"Cerca de 40% de Caxias é irregular"
Além de Caxias do Sul, outras quatro cidades disputavam o troféu.
— Cerca de 40% de Caxias do Sul é irregular. Com o apoio dos servidores da Diretoria de Regularização Fundiária, criamos uma lei em agosto do ano passado que nos possibilitou entregar os títulos de propriedade a milhares de famílias que residem há décadas em seus lotes — agradeceu o secretário de Urbanismo, João Uez, ao receber o Prêmio 21 de Agosto e anunciar esforços do município para regularizar mais 600 áreas.