O ex-governador José Ivo Sartori defende a candidatura própria do partido ao governo do Estado. Ele saiu do silêncio que o normalmente o caracteriza depois que deixou o governo, e manifestou-se por meio de uma rede social por volta das 18h de ontem: "Já não bastasse a nossa história, agora as circunstâncias exigem ainda mais uma candidatura própria do MDB no Rio Grande do Sul. É preciso manter a dignidade e a coerência", escreveu Sartori.
A manifestação do ex-governador é um componente de peso a interferir no cenário eleitoral gaúcho e a influenciar na decisão do partido, pressionado pela direção nacional para compor uma chapa da chamada terceira via em torno da candidatura à reeleição do ex-governador Eduardo Leite (PSDB). Se já havia enorme dificuldade para essa composição, pela resistência do MDB gaúcho, agora ela se tornou ainda mais difícil. Sartori, diferentemente de outros emedebistas históricos, ajudou a escolher em março, no diretório do partido, o deputado estadual Gabriel Souza como pré-candidato ao governo.
A manifestação de Sartori sobre os rumos do MDB na eleição estadual dá pinceladas importantes ao cenário da corrida eleitoral ao Piratini. Sua argumentação sobre "as circunstâncias" a exigir candidatura própria do MDB e a necessidade "manter a dignidade e a coerência" fala bastante, a partir da entrada de Leite na disputa eleitoral, que é o fato novo na sucessão. O MDB com candidatura própria terá dificuldade em compor alianças, pois seu campo político está também ocupado pela candidatura de Leite, mas pode ter mais espaço para candidatos próprios do partido. Inclusive o próprio Sartori ao Senado, decisão que ele ainda não anunciou. Em composição com o PSDB, essa vaga tem uma tendência para Ana Amélia Lemos, do PSD.