A cotação do dólar no Brasil é flutuante, ou seja, é conduzida pela relação de compra e venda do mercado. No entanto, em algumas situações, o Banco Central (BC) intervém para que não oscile demais. Foi o que ocorreu na semana passada, na quinta (13) e sexta-feira (14), quando a cotação do dólar disparou.
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Na sexta-feira, o dólar fechou a R$ 4,301, recuando 0,79% em relação a quinta-feira. É o maior recuo percentual diário desde 3 de fevereiro, quando o dólar havia caído 0,86%.
No entanto, em Caxias do Sul, as casas de câmbio operavam o dólar ente R$ 4,40 e R$ 4,50, na sexta-feira.
Intervenção do Banco Central
O economista Gustavo Bertotti, da Messem Investimentos, explica de que forma o BC intervém para baixar a cotação.
– O Banco Central vendeu (quinta e sexta) contratos futuros a receber em dólar, nesse caso, para os meses de agosto, novembro e dezembro, que geralmente é comprado pelos bancos. Em cada dia foram 20 mil contratos comercializados. Mas o BC precisou fazer isso em dois dias para ser absorvido pelo mercado. Sem essa intervenção o dólar não teria caído.
Bolsa de Valores
Bertotti explica que as oscilações do mercado tem sim a ver com o coronavírus, ora as ações caem porque aumenta o número de infectados, ora sobem porque a China revisa o número de mortos, de 1.483 para 1.380 (dados de sexta).
– O mercado está muito sensível. No Brasil, antes tínhamos uma relação de dólar em alta e bolsa em queda, ou bolsa em alta e dólar em baixa. Mas, além da instabilidade externa, que é a maior influência, as falas do ministro Paulo Guedes também têm ajudado a oscilar o mercado.
Relação perde-ganha
Na visão da economista e professora Maria Carolina Gullo, o dólar mais alto pode impactar no preço do pão e de todos os produtos que têm a farinha de trigo como matéria-prima, a exemplo de massas e biscoitos, já que o Brasil depende de trigo importado. Os combustíveis também podem ter reflexo porque as refinarias brasileiras não atendem toda a demanda.
– Em muitos casos, uma mesma indústria pode ser beneficiada na exportação e, ao mesmo tempo, ficar prejudicada na importação de matéria-prima – justifica Maria Carolina.
Há cinco anos...
O Jornal Pioneiro noticiava em 20 de fevereiro de 2015 que o dólar alcançava a maior cotação em 10 anos, chegando a R$ 2,879. Na época, a elevação se deu pelas tensões sobre o futuro da Grécia.
No mercado de ações, em 2 de fevereiro de 2015, a Petrobras subiu 6% e Bovespa fechava pela primeira em positivo naquele ano.