O 1º de Maio é um bom momento para analisar o mercado de trabalho e verificar que, apesar da reação pós-pandemia, ainda há muito por fazer para recuperar os níveis de emprego de tempos anteriores em Caxias do Sul. A segunda maior cidade do RS continuou sendo, conforme o Censo 2022, a que teve maior crescimento populacional no Estado, mas teve que conciliar isso com uma queda brusca no nível de emprego, em um difícil equilíbrio entre a chegada de pessoas e a criação de vagas.
Para entender a situação, é preciso voltar uma década e analisar o que aconteceu a partir de 2014. Naquele ano já se prenunciava uma crise econômica, e Caxias do Sul acabou tendo saldo negativo na criação de vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com um corte de 3.680 postos.
Os anos seguintes, com o país em recessão, seriam terríveis para o mercado de trabalho, com cortes em 2015 (14.080), 2016 (6.897) e 2017 (615). Em quatro anos, mais de 25 mil empregos formais foram extintos em Caxias do Sul. A pequena recuperação de vagas iniciada em 2018, com a criação de 4.921 vagas, logo parou em 2019, e a pandemia tratou de fazer com que 2020 fosse outro ano trágico, com saldo negativo de 4.795 postos.
Uma reação mais forte foi aconteceu em 2021, com 8.216 vagas criadas, e a recuperação se manteve em 2022 (6.087) e 2023 (3.344). Ainda assim, totalizando todos os dados do Caged desde 2014, há um déficit de 7.566 vagas com carteira assinada cortadas na cidade.
Esta situação coloca Caxias do Sul diante de um desafio. Não é difícil imaginar o problema para uma cidade que ganhou 35 mil habitantes entre 2010 e 2022, mas diminuiu o número de vagas de emprego. Além do aumento da informalidade e da precarização do trabalho, cria-se uma situação social complexa, com mais pessoas precisando do auxílio público ou vivendo em condições difíceis, com reflexos no dia a dia da sociedade.
A solução óbvia é continuar gerando empregos, mas isso não é tão simples. Primeiramente porque depende de fatores estruturais amplos, como os humores da economia nacional e mundial, além de políticas macro onde os municípios têm pouco poder de ação. Os números de 2024 são positivos, com saldo de mais de 4,6 mil vagas criadas somente no primeiro trimestre. Mantendo esse ritmo, em pouco tempo pode se reverter o déficit criado nos últimos anos, mas é preciso pensar em alternativas que sustentem o fortalecimento do mercado de trabalho em longo prazo.
Apesar das limitações de ação, Caxias do Sul deve pensar em políticas que incentivem a abertura de vagas, como a criação de um ambiente mais positivo para negócios. Ampliar as políticas de qualificação de pessoal também é bem-vindo, pois ajudaria a tornar mais pessoas aptas a ocupar vagas com melhor remuneração. Fortalecer o mercado de trabalho é algo fundamental para o futuro da cidade, e por isso é um bom tema para análise e reflexão neste 1º de Maio.