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O mês de fevereiro ganhou um importante papel de conscientização com a criação da campanha Fevereiro Roxo. Com o objetivo de alertar sobre o diagnóstico precoce e o tratamento adequado de doenças crônicas e invisíveis, a campanha busca engajar a população sobre três condições que afetam a vida de milhões de brasileiros: alzheimer, lúpus e fibromialgia.
Embora cada uma dessas doenças tenha características próprias, todas têm em comum a complexidade e os desafios enfrentados pelos pacientes, muitas vezes invisíveis para a sociedade.
Segundo a médica neurologista Thaise Felini Dal Moro, do Instituto de Neurocirurgia e Cirurgia da Coluna (INCC), as doenças abordadas no Fevereiro Roxo têm impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. São elas:
- O lúpus, uma doença autoimune, afeta principalmente mulheres jovens de 20 a 45 anos e seu diagnóstico precoce é fundamental para garantir que os pacientes sigam o tratamento adequado.
- A fibromialgia, por sua vez, é caracterizada por dores musculares generalizadas e fadiga extrema, frequentemente associada a distúrbios emocionais como a depressão e a ansiedade.
- O alzheimer, uma doença neurodegenerativa, tem se tornado mais prevalente à medida que a população envelhece, afetando milhões de pessoas ao redor do mundo.
Segundo a médica, nos três casos o diagnóstico precoce e tratamento adequado têm papel fundamental na melhora da qualidade de vida dos pacientes. No caso do Alzheimer, por exemplo, terapias e medicamentos podem melhorar a cognição e aliviar sintomas, retardando o avanço da doença.
No lúpus, o controle da doença é feito principalmente com medicamentos imunossupressores, que podem ajudar a controlar os sintomas e prevenir danos aos órgãos.
Já a fibromialgia, apesar de não ter cura, pode ser tratada com uma abordagem multidisciplinar, incluindo fisioterapia, acompanhamento psicológico e mudanças no estilo de vida. Tanto o lúpus quanto a fibromialgia são tratados por médicos reumatologistas, mas neurologistas também atuar no tratamento da fibromialgia.
Desafios no diagnóstico e tratamento
Apesar das terapias disponíveis, o diagnóstico dessas doenças nem sempre é fácil. No caso do alzheimer, identificar a doença de modo precoce pode retardar o início dos quadros demenciais, muitas vezes associados a perda de memória e dificuldade de se lembrar de atividades simples, como cozinhar.
Mas a médica destaca ainda que o cuidado com o paciente deve ir além da pessoa afetada pela doença.
— O cuidador também precisa de suporte, pois, muitas vezes, ele lida com as dificuldades e desafios de cuidar de um paciente que, aos poucos, perde sua autonomia — disse ela.
Para quem convive com a fibromialgia, os desafios também são grandes. A passo-fundense Rosângela Muscop, 54, foi diagnosticada com a doença há 16 anos e afirma que desde então vive com dores constantes, além da falta de compreensão tanto por parte da sociedade quanto de alguns médicos.
— Como a fibromialgia não é visível, muitas vezes sou desacreditada, e as pessoas não entendem a intensidade da dor — diz Rosângela.
Para enfrentar a doença, ela destaca a importância do acompanhamento médico e psicológico, bem como a necessidade de mudanças no estilo de vida, como a prática de exercícios e a redução do estresse.
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A também passo-fundense Caciana Vizzotto é neta de Wilma Bordignon Vizzotto, que tem 88 anos e sofre com o Alzheimer. Ela destaca os desafios enfrentados pelas famílias e afirma que os sintomas começam a surgir discretamente, com esquecimentos frequentes, até que a doença se agravou.
— Quando a memória começou a falhar de forma mais evidente, procuramos ajuda médica e o tratamento foi essencial para melhorar a qualidade de vida da minha avó — conta.
No entanto, ela destaca que o cuidado com a avó exige supervisão constante, já que Wilma, por vezes, perde objetos ou se perde em casa.
— O Alzheimer não tem cura, mas o tratamento correto ajuda a retardar o avanço e a melhorar a qualidade de vida tanto do paciente quanto do cuidador — acrescenta Caciana.
Importância da conscientização
De acordo com a médica neurologista, o Fevereiro Roxo é fundamental para reduzir o estigma associado a essas doenças e promover um diagnóstico mais rápido e preciso.
— Nosso maior desafio é fazer com que as pessoas reconheçam os sinais e busquem ajuda o quanto antes — destacou.
Além disso, a campanha ajuda a garantir que os pacientes recebam tratamento adequado, principalmente em um contexto em que muitas vezes o diagnóstico é tardio, o que pode prejudicar o sucesso das terapias.
No caso da fibromialgia, a falta de compreensão da sociedade é um obstáculo adicional.
— É uma doença invisível, o que dificulta a aceitação por parte de outros, e até de médicos, que demoram a diagnosticar corretamente. Por isso, campanhas como o Fevereiro Roxo são fundamentais para educar as pessoas e oferecer suporte aos que sofrem dessas condições — pontua Rosângela.