O Dia Nacional da Tontura, celebrado nesta segunda-feira (22), relembra os sintomas e a importância de tratamento do sintoma que é o segundo mais relatado pelos brasileiros, ficando atrás apenas da dor de cabeça. Conviver com o problema pode prejudicar a qualidade de vida e causar riscos, mas, com o diagnóstico correto, é possível tratar e curar grande parte das causas da tontura.
Com mais de 20 mil atendimentos realizados nesta área, a fisioterapeuta Nedi Magagnin, diretora do Instituto Umani de Passo Fundo, atua no tratamento da tontura há 18 anos. Ela explica como é possível obter o diagnóstico correto e, especialmente, tratar a tontura para proporcionar uma melhor qualidade de vida à população afetada. Confira na entrevista.
Para começar, o que é tontura?
Nedi Magagnin: a tontura é o segundo sintoma mais comum do mundo, só perde para a dor de cabeça. Pode ter origem cardiovascular, neurológica e vestibular, que é aquela causada por alterações do labirinto.
O que é o labirinto?
NM: é um pequeno órgão que fica no fundo do ouvido e tem o objetivo muito importante, de fixar o olhar com a cabeça em movimento. Por exemplo, olhar o celular enquanto caminhamos ou olhar para a bola para chutar a gol só é possível porque temos o sistema labiríntico ou também chamado de sistema vestibular. Ele é um grande aliado para o equilíbrio da cabeça e para o controle postural.
Quais os sintomas da tontura de origem vestibular?
NM: em uma crise desse tipo de tontura, também chamada de vertigem, o paciente pode apresentar tontura rotatória, visão embaçada, sensação de cabeça pesada ou vazia, sensação de ouvido trancado ou cheio, náuseas ou vômitos, sensação de caminhar em nuvens ou estar numa rede balançando.
Como é feito o diagnóstico?
NM: a avaliação do labirinto acontece de duas formas. A primeira forma é clínica, com exames específicos e detalhados que possuem 98% de sensibilidade e confiabilidade. A segunda acontece através de equipamentos que permitem quantificar de forma exata o funcionamento de todos os canais do labirinto.
E quais são as tecnologias disponíveis para essa avaliação da tontura?
NM: há diversas tecnologias utilizadas no diagnóstico e avaliação do labirinto. Dentre elas, três se destacam por serem extremamente precisas e também por não serem desconfortáveis como sistemas de avaliação mais antigos. O principal deles é o Vídeo Head Impulse Test, ou Vhit. Este equipamento avalia de forma quantitativa, indolor, segura e confortável, todos os canais do labirinto humano. Apesar de não ser tão conhecido, ele é considerado padrão ouro de avaliação instrumentalizada e pode ser aplicado inclusive durante a crise de tontura. Já a Posturografia Dinâmica avalia o equilíbrio e indica o risco de quedas de forma quantitativa. Por último, temos a Videonistagmoscopia que avalia o nistagmo (movimento do olho) que ocorre durante uma crise do labirinto.
Quais os tratamentos existentes para a tontura causada pelo labirinto?
NM: com o diagnóstico correto e identificada uma alteração vestibular em que não há a necessidade de medicação, existem duas formas. Quando há uma alteração mecânica, que ocorre na VPPB, a famosa tontura dos cristais, é necessário realizar manobras específicas de fisioterapia para o reposicionamento desses cristais dentro do labirinto. Na maioria das vezes, são necessárias uma ou duas sessões para reposicionar e pronto, a crise está curada, sem medicações. Já quando há uma alteração funcional, quando os labirintos estão desalinhados e trabalhando em frequências diferentes, nós usamos exercícios específicos e personalizados para fazer esse ajuste. O paciente recebe a prescrição e pode realizar em casa mesmo esses exercícios de forma segura e eficiente, também sem medicações.